O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou que quaisquer políticas ambientais que não incluam economias emergentes como Brasil, China, Índia e Rússia serão ''extremamente caras e politicamente inviáveis''. As conclusões constam do capítulo Mudança Climática e Economia Global, que integram a versão de 2008 do relatório World Economic Outlook (WEO), que deverá ser divulgado na íntegra durante a reunião de primavera do FMI e do Banco Mundial (Bird), nos próximos dias 12 e 13 de abril.
De acordo com o fundo, excluir economias em desenvolvimento não é aceitável porque projeções indicam que nos próximos 50 anos 70% das emissões de gases poluentes virão das nações emergentes. O fundo lista como as mudanças climáticas podem ter ''efeitos de mercado'' e ''fora do mercado''. Entre os primeiros estariam influências sobre agricultura, pesca , turismo, danos a regiões costeiras devido ao aumento no nível dos mares, aumentos de gastos energéticos e mudanças no aproveitamento de recursos hídricos.
Os efeitos ''fora do mercado'' se dariam em áreas que vão desde a saúde - através da propagação de doenças infecciosas, escassez de água e poluição - até a perda da biodiversidade e a necessidade de migrações internas, com o decorrente desaparecimento de raízes culturais.
Taxas
O relatório acrescenta que muitos países emergentes terão de fortalecer suas instituições a fim de criar taxas para emissões de gases poluentes - mas que a imposição de tais taxas deve ser uma inciativa global. De acordo com o FMI, é preciso que diferentes nações cheguem a um consenso sobre um preço mundial para a emissão de poluentes.
Isso, afirma o fundo, ''garantiria que ocorram reduções de emissões nos locais em que elas são mais improváveis de acontecer. Países emergentes e em desenvolvimento, em especial, provavelmente seriam mais capazes de reduzir emissões de forma mais barata que economias avançadas''.
O relatório acrescenta que todas as nações sairiam ganhando se houvesse uma taxa única para emissões de poluentes. ''Para o mundo como um todo, os custos seriam 50% mais baixos se os preços de emissões fossem os mesmos em diferentes países.''
O documento também faz críticas ao protecionismo na produção de biocombustíveis, afirmando que a prática propicia efeitos indiretos danosos para o setor alimentar.
''A expansão da produção de biocombustíveis nos Estados Unidos e na Europa ocidental nos últimos anos levou a uma alta do preço de alimentos e da inflação, criando sérios problemas para países pobres que têm de importar alimentos.''
O FMI acrescenta que ''a causa principal destes efeitos negativos é o fato de que as economias avançadas impuseram restrições às importações de biocombustíveis, limitando a produção de biocombustíveis em países de custo mais baixo, como o Brasil''.
(BBC, Ultimo Segundo, 04/04/2008)