Obras da Usina Termelétrica de Seival, em Candiota, deverão começar este ano. Expectativa é operar em 2012
A Tractebel Energia aguarda a autorização do governo federal para exportar energia firme (fornecimento contínuo, a longo prazo) para concluir negociações com o Uruguai e, com isso, iniciar a construção da Usina Termelétrica Seival, em Candiota. Segundo o diretor de Desenvolvimento de Negócios da empresa, Gabriel Mann dos Santos, já há uma minuta de contrato com a UTE, estatal uruguaia da área de energia. Inicialmente, as negociações envolvem o fornecimento de 350 megawatts (MW), mas Santos não descarta que a futura usina seja 100% dedicada ao mercado vizinho. O preço, que inicialmente girava em torno de 75 dólares por MW, deverá ser reajustado para cima, em função da defasagem cambial. O prazo do contrato ficará entre 20 e 25 anos.
O executivo da Tractebel explica que as regras atuais permitem apenas a exportação de energia temporária, como acontece com a Argentina. Por isso, a necessidade de uma autorização do governo federal para viabilizar a UTE Seival. Segundo ele, assim que ela for concedida, a UTE buscará autorização semelhante com o governo uruguaio e o contrato será firmado. A expectativa da Tractebel é começar as obras ainda este ano e operar a usina em 2012. 'Seival é nossa prioridade', adianta Santos.
O projeto de 850 milhões de dólares e geração de 540 MW passou à frente da UTE Pampa que a empresa projetava para Candiota, também voltada ao mercado uruguaio. A Pampa vai gerar 340 MW. 'O projeto de Seival está mais adiantado', justifica o executivo, referindo-se ao licenciamento da usina. Ela já tem a Licença Prévia (LP) e a previsão é de que a Licença de Instalação (LI) seja concedida em maio próximo. A segunda usina, no entanto, não foi descartada, mas deverá operar para o mercado interno.
Se confirmadas, Seival e Pampa se somarão a um parque térmico movido a carvão liderado pela UTE Presidente Médici, mais conhecida como Candiota. A usina da Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), da Eletrobrás, gera hoje 446 MW, potência que passará a 796 MW em 2010, com a conclusão da Fase C.
As obras já iniciaram e o primeiro carregamento de equipamentos chineses já chegou a Candiota. De acordo com o coordenador do projeto, Hermes Ceratti Marques, haverá outros cinco carregamentos da China ainda este ano, sendo que o próximo chegará em julho. O investimento na Fase C é de R$ 1,2 bilhão, 78% financiados pelo China Development Bank (CDB). 'O investimento supera o capital social (R$ 890 milhões) da empresa', compara Marques. Para construção e montagem da usina foi contratada a empresa chinesa Citic.
O fornecimento de carvão para a usina exigiu investimentos de R$ 240 milhões da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), que ampliará a capacidade da Mina de Candiota de 2 milhões para 5 milhões de toneladas anuais. A ampliação será concluída em setembro do ano que vem. 'O cronograma está sendo rigorosamente cumprido', garante o presidente da CRM, Telmo Kirst, destacando que o faturamento da empresa, de R$ 90 milhões no ano passado, dobrará.
Os investimentos térmicos em andamento e projetados para Candiota – há também Seival II, da MPX, prevista para gerar 600 megawatts de energia em 2014 – animam o prefeito Marcelo Menezes Gregório. Candiota, uma cidade emancipada há 16 anos e com uma população de 10 mil habitantes, tem 55% da receita gerada pelo carvão (mineração e energia), percentual que deverá chegar a 80%.
(Por Denise Nunes, Correio do Povo, 03/04/2008)