A Coordenação Nacional pela Defesa da Vida e da Soberania (CNDVS) do Equador deu início ontem (02/04) a uma paralisação indefinida a fim de defender a soberania da água, da terra e do território do país. Ela se opõe "ao saque, à contaminação, e à manipulação social que as transnacionais mineiras e seus testas-de-ferro nacionais realizam contra as comunidades e populações", disse, em comunicado.
De acordo com o comunicado, essa é uma paralisação preventiva para mostrar às mineradoras estrangeiras que o povo é contra a atuação delas e contra a entrega que os "vende-pátria" fizeram de ¼ do território do país. Além de ser um preâmbulo de maiores ações das comunidades conscientes que hoje estão afetadas pelos invasores mineiros.
"O governo central está equivocado em sua política baseada na atividade extrativista, cujos benefícios econômicos vão parar nos bolsos do capital transnacional e na gestão do Estado burocrático", disse o comunicado. Quando estava em campanha, o presidente Rafael Correa foi a Yantzaza (Zamora) e a Gualaquiza (Morona) - cidades próximas do projeto cobre-ouro Mirador da canadense Corriente-Ecsa e Cóndor de Aurelian - e disse ser contra a presença das mineradoras na área.
Agora, frente aos protestos dos movimentos populares, o governo disse que o povo está fazendo o papel da direita, da oposição, está trabalhando para derrubar um presidente "da cidadania".
Mas a Coordenação deixa claro: "isso só pode enganar a alguma mente ingênua, que não sabe distinguir entre o que é uma luta popular, seus alcances, e o que são as formas de luta da burguesia e dos grupos de poder". Sob as condições que atuam essas mineradoras, não há nenhuma maneira de deixar benefícios para o povo equatoriano.
De acordo com a Coordenação, se esses mega-projetos continuarem, as comunidades locais, atualmente divididas pelas mineradoras, entraram em um grau ainda maior de violência social e a paz das comunidades estará ameaçada.
As campanhas promovidas pelas próprias mineradoras falam de mineradora responsável, antes falavam de mineradora sustentável, mas não há em nenhum lugar do mundo uma empresa de exploração de metal que não contamine e que não cause efeitos sociais.
Em 16 de janeiro deste ano, integrantes da Coordenação dialogaram com membros de 7 mesas de elaboração da Nova Constituinte. Na época, pediram o reconhecimento do artigo 272 da vigente constituição política, o qual determina que as concessões dadas às transnacionais mineiras não tenham valor por ter violado, entre outros, os Art. 86 e 88 da Carta Magna.
Em seguida, se devia proibir essa atividade extrativista devido os graves danos sociais e ambientais que provoca, procedendo a declarar na nova Constituição o Equador Livre de Mineração em grande escala.
(Adital, 02/04/2008)