O nervosismo emergiu nesta quarta-feira (2/04) nas mesas-redondas realizadas na reunião sobre mudança climática que a ONU (Organização das Nações Unidas) supervisiona em Bangcoc. O objetivo é programar um calendário das negociações para um tratado para o período do pós-Kyoto, em 2012.
"Eu acho que é bastante normal em um casamento de recém-casados que surja certo grau de nervosismo", disse o secretário-executivo da Convenção do Clima, Yvo de Boer, aos jornalistas na capital da Tailândia. De Boer se referia como um "casamento" ao acordo alcançado por todas as partes, incluindo os Estados Unidos, na Conferência de Bali, realizada em dezembro, para negociar um pacto mais completo e ambicioso que o de Kyoto pelos próximos dois anos.
Apesar da preocupação latente entre as delegações dos países industrializados e os emergentes sobre suas propostas e compromissos, De Boer afirmou estar "muito animado sobre como as coisas estão acontecendo". Os debates nas instalações da Comissão Econômica e Social para a Ásia e o Pacífico (Escap) em Bangcoc incluíram hoje uma mesa-redonda sobre a emissão de gases poluentes, os mecanismos de limpeza e a coordenação na aplicação dos acordos.
Além disso, foram realizadas a portas fechadas reuniões do Grupo dos 77 (G77) e China, da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), da Aliança dos Pequenos Estados Insulanos e do Grupo dos Países Menos Desenvolvidos, entre outros.
Datas e temas
As deliberações, que começaram segunda-feira (30) em Bangcoc, devem terminar na sexta-feira (4) com um programa que inclua o calendário e os temas a serem negociados para conseguir que, na conferência de Copenhague, em 2009, seja possível obter um acordo internacional melhor contra o aquecimento global que o de Kyoto.
As negociações devem levar em conta a necessidade de que os países industrializados reduzam até 2020 suas emissões de gases poluentes entre 25% e 40% em relação aos níveis de 1990, segundo recomendam os especialistas da ONU.
A UE (União Européia), que lidera em Bangcoc a frente mais ambiciosa na luta contra a mudança climática, aprovou em 2007 de forma unilateral reduzir em 20% suas emissões de CO2 (dióxido de carbono) até 2020. As reuniões na capital tailandesas são integradas por 1.200 pessoas de 163 países, entre funcionários, empresários, ecologistas e pesquisadores.
(Efe, Folha Online, 02/04/2008)