Sapos, rãs, jias, pererecas, cobras-cegas e outros bichos são retratados e fotografados na edição do fascículo Amazônia, que circula hoje em O LIBERAL, e traz como tema de capa os anfíbios. Dotados de grande capacidade de reprodução, os anfíbios são conhecidos em todo o mundo em mais de 6.000 espécies e o Brasil é o país com a maior diversidade, abrigando 825 diferentes espécies. A destruição dos habitats naturais provocada pelo desmatamento se constitui na principal ameaça para a maioria das espécies na região Amazônica. O fascículo Amazônia, patrocinado pela Vale, já está na 42ª de um total de 49 edições. Ao final, os colecionadores receberão uma capa dura para organizar os fascículos.
Apresentando uma fase larval aquática (o girino) e uma fase adulta terrestre, os anfíbios na fase de larva respiram através de brânquias e, após a metamorfose, desenvolvem pulmões. Eles têm a pele rica em glândulas mucosas e venenosas, que produzem substâncias tóxicas em várias espécies, numa forma de defesa da espécie. Mas embora comum em várias áreas do Pará, o sapo venenoso não é visto em Belém desde 1910.
Entre as espécies comuns em Belém estão o Hypsiboas multifaciatus e o Leptodactylus lineatus, mais comum nas matas da ilha de Mosqueiro. Cerca de 230 espécies de anfíbios têm sido registradas na Amazônia brasileira e esse número deve aumentar com o avanço das pesquisas em torno da espécie. O clima quente e úmido e a grande quantidade de corpos d’água favorecem a ocorrência das mais diversas espécies. O fascículo vai mostrar trabalho da pesquisadora Martha Crump, que pesquisou anfíbios e répteis da área do Parque Ambiental de Belém, onde encontrou 38 espécies de anfíbios nas áreas de Terra-Firme, reserva do Aurá e áreas sob a influência do rio Guamá.
O segundo tema em destaque no fascículo de hoje é a cultura indígena, mais especificamente a música. O trabalho, assinado pelos pesquisadores Lilian Cristina da Silva Barros e Antônio Maria de Souza Santos, vai mostrar o sistema musical de cada sociedade, nos mais diversos aspectos da cultura local como mitologia, economia, relações sociais, medicina tradicional, conhecimento ecológico e relações com o sobrenatural.
No setor destinado a curiosidades da biodiversidade Amazônica, é apresentada a saracura-mirá, a cerveja de índio. A bebida é largamente consumida no alto Rio Negro (AM), sendo extraída da planta conhecida como saracura-mirá, que em Nheengatu significa cerveja do mato, cerveja de índio, cervejeira, cervejinha e curupira-mirá.
(O Liberal,
FGV, 02/04/2008)