Comboio da Polícia Federal na região de Surumu, que vive momento tensoO vice-presidente da Sociedade dos Índios em Defesa de Roraima (Sodiur), Silvio da Silva, afirmou na tarde de terça-feira que índios ligados à entidade vão atear fogo nos veículos do Conselho Indígena de Roraima (CIR), caso eles sejam impedidos de ingressar na reserva indígena Raposa Serra do Sol.
A declaração de Silvio foi dada na tarde de ontem, após os incidentes ocorridos na reserva, quando pontes foram incendiadas, uma pessoa ficou ferida por uma bomba e uma pessoa foi presa pela Polícia Federal (veja mais nas páginas 5A e 14A). Ele disse que a Sodiur está prevendo uma guerra entre as etnias, visto que o CIR estaria tentando coordenar a entrada e saída da área homologada.
"Impediram a entrada do deputado federal Márcio Junqueira, eles querem mandar. Mas nós também somos índios e vamos liberar a entrada porque a área é nossa também", disse, acompanhado de outras lideranças.
Silvio contou que na manhã de ontem, quando se dirigiram até as comunidades de Ticoça, Camararém e Flechal, para verificar os tanques de alevinos, foram impedidos de passar por causa da destruição do fogo. Ele denunciou que indígenas da Guiana atravessam a fronteira para se juntar aos indígenas ligados ao CIR e supostamente criar impressão de que são maioria.
Ele acrescentou que, se for para retirar os rizicultores, que sejam retirados os representantes de Organizações Não-Governamentais (ONGs) e da Igreja Católica que há muitos anos estão no local. "Se for pra tirar os não-índios, que saiam todos. Vamos catar os gringos, os americanos, os índios que não são brasileiros e que estão na nossa área. Eu já disse isso ao delegado da Polícia Federal, tem que ser de igual para igual", declarou.
Silvio foi taxativo ao afirmar que o CIR está querendo mandar na região e que existe um grupo de índios que vai reagir caso sejam impedidos de entrar na área indígena. Segundo ele, até a quinta feira, 03, vão tentar ingressar na reserva para vistoriar a criação de peixes e, caso não tenham autorização do CIR para prosseguir viagem até os tanques, vão entrar em conflito definitivamente com os índios ligados ao Conselho.
"Existe caminhão da Funai levando índios do CIR para pressionar a retirada dos arrozeiros. Se eles não deixarem a gente passar, vamos destruir o caminhão deles através de fogo. E vamos destruir até a missão do Surumu, onde estão os padres no Maturuca. Se eles querem, vai ser assim", ameaçou.
(Folha de Boa Vista,
FGV, 02/04/2008)