A coordenadora da campanha antinuclear da Organização Não-Governamental (ONG) ambientalista Greenpeace, Beatriz Carvalho, disse que a opção de energia nuclear não tem viabilidade no Brasil. “A gente sempre foi contra e continua sendo contra”, afirmou, em entrevista à Agência Brasil.
Beatriz Carvalho participou das audiências públicas sobre a Usina Nuclear Angra 3, promovidas na última semana no Rio de Janeiro e São Paulo pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Ela considera que essas audiências são importantes porque representam “o único momento realmente democrático” que o brasileiro tem para discutir se quer ter essa solução energética no país.
Carvalho disse que Angra 3 vai contribuir muito pouco para a matriz energética brasileira, em comparação com o potencial energético do país, a partir de outras fontes renováveis, que seriam “seguras e limpas”. O aumento, em termos de fornecimento de energia, seria de apenas 1% na matriz energética, acrescentou.
Em relatório econômico divulgado recentemente no país, o Greenpeace acusa o governo de ter feito uma “ginástica financeira" para apresentar tarifa baixa para a energia nuclear de R$ 138,00 por megawatt/hora (MWh). “A gente contesta esses dados, mostrando que, na verdade, há subsídios que estão escondidos nessa conta. E que tem dinheiro público sendo jogado fora nessa construção matemática que eles fizeram. Os custos da usina, principalmente de construção, vão ser muito mais altos do que o governo está apresentando”, afirmou Beatriz Carvalho.
Segundo a ativista do Greenpeace, o custo de construção declarado pelo governo para Angra 3 seria de R$ 7,2 bilhões. A entidade alega que com a incidência de juros sobre o capital que está imobilizado para as obras, esse valor seria de R$ 9,5 bilhões. “E se contar os quatro anos de atraso médio na construção de uma usina nuclear, o valor dela vai dobrar para R$ 15 bilhões”.
Ela lembrou que o ponto principal que o Greenpeace debate na questão nuclear está ligado à insegurança, à falta de soluções para o lixo de alta radioatividade e à instabilidade geopolítica “que gera o país que tem a tecnologia nuclear”. Lembrou ainda que o Greenpeace é totalmente contra o uso dessa energia para quaisquer finalidades, a não ser para fazer exames médicos. "Mas, para geração de energia, a gente é contra”.
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Agência Brasil, 02/04/2008)