A operação da Polícia Federal que visa à retirada de não-índios da Terra Indígena Raposa Serra do Sol – área de 1,7 milhão de hectares no nordeste de Roraima – está em curso cercada de sigilo por parte das autoridades federais presentes no estado.
Ontem (1º), na capital Boa Vista, o coordenador executivo do Comitê Gestor do governo federal em Roraima, José Nagib Lima, confirmou à Agência Brasil que o processo de desocupação da área entrou em fase final, concentrado na “retirada do grupo de sete ou oito grandes rizicultores que permanecem lá”.
Mas Nagib alegou não poder fornecer mais detalhes sobre o cronograma da operação, por razões estratégicas. Da mesma forma se posicionou o superintendente em exercício da PF em Roraima, Ivan Herrero. O representante do governo federal disse ainda acreditar em uma solução pacífica, apesar dos protestos já realizados ontem (31) por um grupo contrário à iminente saída dos brancos.
“Nossa conversa é permanente. Estamos disponibilizando terra e condições para que eles [produtores] saiam dentro de um entendimento progressivo”, argumentou Nagib. Além dos grandes produtores de arroz, ainda estariam na Terra Indígena cerca de 50 famílias de agricultores independentes.
A região mais problemática fica perto de Curumu, distrito de Pacaraíma, onde se concentram as fazendas do líder dos arrozeiros, Paulo César Quartiero. Ontem houve lá uma manifestação contra a retirada dos não-índios. A BR-355 foi interditada e uma ponte destruída, impedindo o acesso de automóvel ao local. Quartiero foi preso e autuado por desacato a autoridade, obstrução de rodovia federal e incitação contra a ordem pública.
“Houve um acirramento por parte dele [Quartiero], que extrapolou o limite”, comentou Nagib.
O líder arrozeiro foi libertado mediante pagamento de fiança de R$ 500 e classificou sus prisão como uma “tentativa frustrada de intimidação”.
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Agência Brasil, 02/04/2008)