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termelétricas de candiota termelétricas a carvão
2008-04-02

Da terra brota a riqueza que está transformando o perfil econômico de Candiota, município vizinho a Bagé. No lançamento da usina termelétrica Fase C de Presidente Médici, o investimento de R$ 1,2 bilhão no complexo que está sendo implementado em Candiota corresponde aos PIBs do município somados de 1997 a 2005. A extração de carvão para a geração de energia, hoje feita pelas fases A e B da térmica, já tem reflexo na cidade. Conforme a Fundação de Economia e Estatística (FEE), o PIB per capita de Candiota em 2005 foi de R$ 24,107 milhões, contra R$ 7,473 milhões verificados em Bagé.

O prefeito de Candiota, Marcelo Menezes Gregorio, relata que o impacto da implantação da Fase C (antigamente chamada de Candiota 3) pode ser percebido na movimentação de pessoas de fora da cidade. No entanto, ainda não foi notado o retorno de recursos financeiros para a prefeitura. Gregorio explica que isso se deve ao fato de que a obra ainda não deslanchou, do ponto de vista da construção civil, como se esperava. "Em um primeiro momento, o que reflete no nosso ISS é justamente isso", explica o prefeito.

Gregorio tem a expectativa de que em abril as empresas que atuarão na construção da usina da Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE) comecem a emitir faturas e com isso os recursos entrem nos cofres públicos. O ISS que será gerado corresponderá a 1% do valor total do projeto. A geração de energia da térmica também incrementará a arrecadação de ICMS de Candiota no futuro. A prefeitura concedeu um incentivo de redução de 50% no ISS que incidiria sobre a implantação da usina. Gregorio lembra que em contrapartida algumas exigências foram feitas.

As empresas precisam utilizar 50% da mão-de-obra local, quando há disposição desses profissionais. Normalmente, áreas mais técnicas, envolvendo setores como o de engenharia, exigem trabalhadores de fora do município. A procura de mão-de-obra também está se intensificando. O prefeito informa que estão sendo verificadas dificuldades para encontrar pessoas para atuar na parte de construção civil da termelétrica.

Outro ponto interessante no projeto de realização da Fase C é o fato da vinda de chineses para o Estado. O Citic International Contracting Inc., empresa integrante do conglomerado chinês Citic Group, é responsável pela construção integral da obra. Gregorio estima que residam atualmente em Candiota em torno de 50 chineses. O município conta hoje com cerca de 8,2 mil habitantes. O prefeito diz que existe uma clara diferença cultural entre os estrangeiros e a comunidade, mas a integração ocorre bem. "Alguns arranham um mandarim e eles aprenderam algumas palavras em português", conta Gregorio.

Os asiáticos estão fixados em moradias pertencentes à CGTEE e em alguns imóveis particulares que o Citic locou. A empresa Cimbagé também alugou algumas casas que detém em Candiota para os estrangeiros. No pico das obras, outros trabalhadores da região serão trazidos de municípios próximos como Bagé e Pinheiro Machado.
O prefeito comemora o fato de que a Fase C representa a valorização do carvão na matriz energética nacional. Cerca de 80% das reservas de carvão no Rio Grande do Sul, que concentra 89% das jazidas nacionais, encontram-se em Candiota.

Gregorio destaca que as energias limpas são importantes, mas o carvão é um combustível brasileiro que não está preso ao mercado internacional. Outro ponto positivo é que as jazidas encontram-se a céu aberto diminuindo os custos. Apesar da riqueza mineral, o prefeito enfatiza que a meta é de diversificação da economia da cidade. Além do carvão, há oportunidades empresarias através de produtos como a argila e calcário. Além disso, a cooperativa de leite Cosulati pretende instalar uma unidade no município. "O desenvolvimento da Metade Sul começa por Candiota", projeta Gregorio. Ele acredita que o destaque da região, antes concentrado em Bagé, começa a ser transferido para a cidade.

Empresas planejam novas usinas termelétricas no município
Em Candiota já operam hoje as usinas a carvão Presidente Médici fases A e B (446 MW). Está em construção a fase C para gerar mais 350 MW. Além desses empreendimentos, a companhia Tractebel estuda implementar mais duas térmicas no município: Seival (560 MW) e Termopampa (338 MW). Também a empresa MPX, do empresário Eike Batista, anunciou a intenção de construir uma usina de carvão de 600 MW na região. Se todas essas usinas forem efetivadas, o investimento nas iniciativas passará dos US$ 4 bilhões e a capacidade de geração de energia na localidade corresponderá a cerca de 63% da demanda de energia do Rio Grande do Sul.

O coordenador de Energia da Secretaria estadual da Ciência e Tecnologia e professor do departamento de Engenharia Elétrica da Pucrs, Eberson José Thimmig Silveira, acredita que existe viabilidade para que todos esses empreendimentos saiam do papel. Ele afirma que a implantação da Fase C de Presidente Médici, o projeto mais adiantado, implica várias vantagens. Entre elas, o fato do sistema elétrico precisar de novas fontes de geração. O carvão, como é uma fonte que não depende das chuvas, como a hidrelétrica, aumenta a segurança quanto ao fornecimento de energia.

Silveira também lembra que a região Sul do Estado apresenta um desenvolvimento sócioeconômico deprimido e a extração do carvão, com a produção de energia, criará muitos empregos. Segundo Silveira, a produção de carvão em Candiota trouxe melhorias de infra-estrutura e para o cotidiano da localidade. Para ele, a atividade carbonífera propiciou a emancipação do município em 1992.

Silveira diz que atualmente, no que diz respeito à tecnologia, existem condições para ser feita a queima "limpa" do carvão. No entanto, grandes investimentos na redução dos impactos ambientais dependerão do preço da energia ao ser comercializada. É necessário que a remuneração das usinas dê condições para as empresas investirem na questão ambiental. Silveira salienta que a tendência é de que o preço da energia valorize porque os melhores aproveitamentos hidrelétricos do País já foram explorados.

O coordenador de Energia da Secretaria estadual da Ciência e Tecnologia destaca que depois de Candiota, o município gaúcho que está mais adiantado para instalar uma térmica a carvão é o de Cachoeira do Sul, localizado na região central do Estado.

Há no local o projeto de uma termelétrica a carvão da companhia CTSUL. A questão foi submetida a um plebiscito municipal, e a maioria dos votantes aprovou a instalação da usina.

CRM passará a fornecer 5 milhões de toneladas ao ano
A partir de janeiro de 2010, a Mina de Candiota, da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), passará a produzir carvão bruto a uma razão de 5 milhões de toneladas por ano. Esta produção bruta será beneficiada se transformando em um insumo menos poluente, com um teor de enxofre até 40% menor que o do carvão bruto.

Todo o carvão a ser consumido na termelétrica Presidente Médici será proveniente da Mina de Candiota, que está distante cerca de 4,5 quilômetros da usina. Em parte do percurso o mineral é transportado via caminhões e, em outro, através de transportadores de correia. No ano de 2007, a CRM produziu, na Mina de Candiota, 1.652.453,90 toneladas de carvão bruto. No ano passado, o faturamento bruto da CRM na Mina de Candiota foi de R$ 77,8 milhões; a partir de 2010, este faturamento deverá ultrapassar R$ 200 milhões.

Conforme o diretor-presidente da CRM, Telmo Kirst, em números preliminares que ainda deverão ser confirmados, para fazer frente à expansão do consumo de carvão proporcionado pela CGTEE, a CRM deverá investir na ordem de R$ 80 milhões na expansão da capacidade de mineração de carvão. Além disso, outros R$ 160 milhões deverão ser utilizados em instalações de beneficiamento, armazenagem e movimentação de carvão.

A CRM precisará abrir novos postos de trabalho para atender à nova demanda da Fase C. Os projetos que estão sendo elaborados por empresas de engenharia consultiva contratadas pela CRM deverão dimensionar as necessidades de recursos humanos para a expansão da atividade na Mina de Candiota. A estimativa preliminar é que serão gerados 200 novos postos de trabalho diretos na CRM. A Mina de Candiota dispõe atualmente de 254 empregados. De acordo com Kirst, a CRM terá capacidade para atender aos novos projetos de térmicas, além da Fase C, que pretendem se instalar em Candiota. A estatal é detentora de direitos minerários das maiores jazidas de carvão na região. Nas concessões da CRM, 1,5 bilhão de toneladas de carvão estão à disposição dos empreendimentos termelétricos.

ONG espera interrupção da obra
Mesmo sendo uma obra prevista dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a ativista da ONG Núcleo Amigos da Terra Brasil, Kathia Monteiro, pensa que é possível impedir a concretização da Fase C. "Acreditamos na Justiça e se ela for séria, a obra pára", diz Kathia.

A ativista cita o impacto quanto à emissão de gases que provocam o efeito-estufa e a piora na qualidade do ar como os maiores danos que a usina poderá gerar. Ela acrescenta que, normalmente, a população da localidade em que se implementa um empreendimento a carvão é a favor do investimento porque não associa o complexo com os problemas que podem ser ocasionados.

Kathia admite que os equipamentos de controle de emissões das térmicas evoluíram com o tempo, mas ressalta que se a emissão for de apenas 1% já é um volume considerável devido à quantidade de carvão queimada. Ela argumenta que os custos dessas gerações são hoje mais elevados do que os das convencionais. Kathia relata que existe um estudo de 2003 da Fepam apontando que o funcionamento da Fase C e da térmica Seival comprometerá a qualidade do ar da região de Candiota.
O assessor da Fepam, Mauro Gomes de Moura, informa que o parecer de 2003 não pode mais ser considerado atual.

Características principais da Fase C
Potência a ser instalada: 350 MW (cerca de 9% da demanda média de energia do Rio Grande do Sul)
Investimento: Cerca de R$ 1,2 bilhão
Empregos gerados na obra: 2,3 mil empregos diretos no pico das obras
Localização: município de Candiota/RS
Prazo de execução: até 31/12/2009
Energia comercializada: 292 MWmédios
Combustível principal: carvão mineral da Jazida Candiota
Conexão ao Sistema Transmissão: Subestação Presidente Médici (Grupo CEEE), em 230 kV.

(JC-RS, 02/04/2008)


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