Um dos pilares do crescimento da Braskem no mercado mundial, a produção de produtos petroquímicos a partir de fontes renováveis, atraiu o apetite de clientes inusitados como prefeituras, e já faz parte da cobiça de fábricas de cosméticos, montadoras, indústria de higiene pessoal, entre outros segmentos de mercado.
"Tivemos uma avalanche de clientes interessados, não só em comprar o produto como em construir fábricas junto conosco e em comprar tecnologia para construir em outros lugares", disse o presidente da Braskem, José Carlos Grubisich, sem citar os possíveis futuros parceiros, no Reuters Latin America Investment Summit.
A primeira planta do "plástico verde" deverá entrar em operação em 2010 e vai produzir 200 mil toneladas por ano de polietileno. Se tudo certo, e com a perspectiva de continuidade de preços altos do petróleo, os planos são de construir outra fábrica, desta vez com capacidade entre 300 e 500 mil toneladas.
"Se levar tudo em consideração hoje, com o preço do petróleo, o custo de produção (do polietileno a partir do etanol) é mais barato, e mesmo se (o preço do petróleo) chegar a 50 dólares, fica competitivo, menos que hoje, mas fica", afirmou.
A empresa ainda não decidiu a localização da nova planta, se em Camaçari, na Bahia, ou em Triunfo, no Rio Grande do Sul, e também estuda se vai produzir o próprio etanol ou comprar de terceiros. "Vamos optar por aquela que for a forma mais eficiente para a rentabilidade da Braskem", explicou.
Grubisich disse que, assim como muitos analistas, prevê que o preço do petróleo não volte para os patamares de 20 dólares de anos atrás, o que levará o mundo a buscar cada vez mais tecnologias que evitem a matéria-prima fóssil.
"Você ter tecnologias que alavanquem matérias-primas cada vez mais competitivas relativamente ao petróleo e ao gás, e que ainda por cima não trazem a penalidade de ter que pagar pelo volume de emissão de gás carbônico, é um negócio muito promissor", avaliou.
Segundo o executivo, o Brasil tem vantagem competitiva em todas as fontes de matérias-primas renováveis e poderia desenvolver mais esse segmento, para agregar valor às fontes naturais.
"O apetite do mercado global para produtos que têm esse selo ambiental é uma coisa impressionante", ressaltou. "Imagina por quanto você pode vender um produto feito com embalagem sofisticada feita com matéria-prima renovável?", prevê o principal executivo da maior petroquímica latino-americana.
Mas apesar do entusiasmo, Grubisich disse que seria prematuro construir unidades de maior porte para atender à evidente demanda. Com produção hoje de apenas 12 toneladas em uma planta-piloto, o mais prudente é testar aos poucos o novo negócio.
"O projeto inicial era de 100 mil toneladas, mas como a demanda foi muito grande resolvemos ir para 200 mil, mas seria imprudente sair de 12 toneladas para um volume muito maior do que isso", explicou.
(Agência Estado, 01/04/2008)
(Com reportagem adicional de Inaê Riveras, Andrei Khalip, Aluísio Alves e Marcelo Teixeira)