A Prefeitura de São Paulo planeja inaugurar em dezembro uma parte do Parque Orlando Villas Boas, no terreno da antiga usina de compostagem de lixo da Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo. Um estudo encomendado à empresa Geo Company constatou que a contaminação no solo é ainda pior do que se pensava, mas a maior parte está restrita às águas subterrâneas, o que não inviabiliza o parque. A região espera por essa resposta há quatro anos.
As substâncias mais tóxicas nem surgiram da atividade da usina - e sim de uma fábrica vizinha desativada, a Sab Wabco, que produzia freios de trens. A empresa deixou a região, sem deixar contato. A principal substância a contaminar o solo é o clorofórmio, que está em níveis cinco vezes superiores ao máximo permitido pela Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). As demais são do grupo dos organoclorados, o cloreto de vinila, o tricloroeteno e o tetracloroeteno. Os organoclorados estão ligados à síndrome da fadiga crônica. Quando inalado em grandes quantidade, o cloroeteno provoca perda de consciência.
Há áreas de emanação de gases e nas quais a contaminação sobe ao solo - que estão fora do terreno do parque. Neste, as substâncias estão restritas às águas subterrâneas, o que poderá dificultar obras com fundações profundas. "É uma situação triste porque a contaminação é muito grave, difícil de ser retirada, mas, por outro lado, a limpeza daquela região será um benefício para a cidade. Se o lençol freático está contaminado, as substâncias vão para o Rio Tietê, ali do lado", diz a subprefeita da Lapa, Luiza Nagib Eluf, que coordena o grupo intersecretarial que cuida do parque.
O fato de a contaminação pior estar fora do local, no terreno que pertenceu à Sab Wabco, acabou ajudando os planos da Prefeitura. Segundo Luiza, o lote da indústria foi comprado pela Cyrela, que planeja construir um condomínio no lugar. "Dessa forma, a parte mais cara da descontaminação ficará com eles", explica a subprefeita. Procurada, a construtora não contestou a informação.
Segundo Hélio Neves, chefe de gabinete da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, a equipe que cuida do projeto do parque analisa o estudo para preparar o plano de manejo da futura área verde. "Não sabemos ainda da extensão da contaminação nem qual o mapa das áreas crônicas. O estudo tem cinco cadernos. Começamos a ler o material agora. Estamos analisando", afirma.
(Agência Estado,
FGV, 01/04/2008)