Tirar da natureza, de forma sustentável, a matéria-prima para a fabricação de jóias. Esse é o trunfo de duas empresas brasileiras, que levam para sua linha de produção o respeito ao ambiente e o entendimento de que esgotar os recursos naturais não é bom para os negócios nem para o planeta.

Mãe da Mata, projeto de Adrianna Zaccaro, 32, é uma dessas empresas que vivem de e para a natureza. A retirada da matéria-prima, na Amazônia, é feita de forma ordenada. Das sementes usadas para a confecção das jóias, uma parte permanece na mata para a recuperação do bioma da natureza, para que voltem a germinar.

Segundo a empresária, a Mãe da Mata confecciona jóias naturais, "que têm a natureza como um complemento da beleza, mesclando sementes da Amazônia com pedras brasileiras, formando design único e sofisticado, de cores e formas exuberantes".

Cada semente é lapidada e depois imunizada com óleos naturais, para que não apareçam fungos ou larvas. Em São Paulo, as peças são montadas por artesãos do projeto Reciclando Vidas, que emprega, capacita e conscientiza pessoas para a questão ambiental.

Para a confecção das jóias são usadas sementes de tucumã, açaí, jarina e jupati, entre outras, e pedras brasileiras como ametista, citrino e quartzo rosa. Os fechos são feitos sob encomenda, com banho de platina e design arrojado.

Segundo a empresária, não existe ainda uma certificação para sementes usadas no artesanato, assim como há para a madeira. Mas ela conta que está elaborando a criação de um certificado junto com o Sebrae, para apresentar à Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

Para Adrianna, o Brasil ainda não reconhece seus valores e riquezas, coisa que os estrangeiros já fazem há tempos. Com alguns pontos de venda em São Paulo, Guarujá, Juqueí e Riviera de São Lourenço, a empresária aposta no despertar do brasileiro para as belezas do país, estampadas em suas coleções. Enquanto isso não acontece, exportar torna-se o caminho natural de muitas das peças da Mãe da Mata.

Para exportação

No outro lado do país, em Belém, no Pará, a Ecojóias da Amazônia faz um trabalho semelhante. Com sementes, cascas, madeira e chifre de búfalo, a empresa confecciona suas jóias usando esse material descartado pela natureza, que é recolhido por comunidades da Amazônia.

Suas embalagens, bem como as da Mãe da Mata, seguem o mesmo padrão de respeito ao ambiente, privilegiando a juta e o papel reciclado.

Para André Pinheiro, um dos sócios da empresa, seu modelo de negócio é diferente, pois trabalha o lado empresarial da produção artesanal, aliado à visão ecológica e social.

O mercado externo é o principal consumidor da Ecojóias da Amazônia. Cerca de 60% da produção da empresa é voltada para a exportação.

(Lourdes Nassif, Folha Online, 31/03/2008)