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seca e estiagem seca no rs crise da água
2008-04-01

Três municípios já decretaram emergência. Em algumas localidades, há mais de um mês, a água potável só chega se a Defesa Civil levar

Bacias, baldes e bombonas chegaram ao topo da lista de utensílios domésticos de primeira necessidade na casa de algumas famílias dos distritos de Santa Flora, São Valentim, Boca do Monte, Palma, Passo do Verde e Santo Antão. A estiagem do mês de fevereiro secou poços e vertentes e deixou a população em apuros. Na região, algumas cidades, como São Sepé, Jaguari, Vila Nova do Sul e Unistalda (as últimas três decretaram emergência), enfrentam o mesmo problema. Caminhões-tanque têm abastecido as famílias à medida que são recebidos os pedidos de socorro.

É o que também vem fazendo a Comissão Municipal de Defesa Civil de Santa Maria desde fevereiro. Todos os dias, desde 29 de fevereiro, técnicos do órgão abastecem uma caixa dágua de 3 mil litros nos reservatórios da Corsan e peregrinam pela zona rural distribuindo o precioso líquido para 34 famílias. O trabalho exige mais de uma viagem para que todos os pedidos sejam atendidos. Na última sexta-feira, por exemplo, foram 9 mil litros entregues às famílias. Cientes da situação, elas economizam o que podem, mas, em média, o que recebem dura de quatro a cinco dias.

- A gente não faz limpeza para evitar que vá água fora. Estamos usando, na medida do possível, somente para o que é necessário - conta a dona-de-casa Odete Flores de Ávila, 54 anos, moradora da Colônia Pinheiro, em Santa Flora, uma das regiões mais problemáticas.

Na casa ao lado, a irmã de Odete, Alda Gisselle, 43 anos, chegou a abrir novo poço para tentar trazer normalidade à rotina dos afazeres domésticos. Pouco adiantou o esforço. A escavação parou a pouco mais de três metros de profundidade, e do buraco, ela só consegue tirar uma água embarrada, imprópria para o consumo da família.

- Essa aqui, só para os porcos. Não tem como beber. Água aqui, só quando Deus manda mesmo - conta a agricultora, mostrando o vasilhame com o líquido avermelhado.

Quem, como Alda Gisselle, acredita no poder divino sobre os humores do tempo, entendeu a pancada de chuva que caiu ontem à tarde como uma dádiva. Mas nem sempre o que pinga aqui, pinga acolá. No Passo do Verde, onde quatro famílias já pediram ajuda à Defesa Civil, a força da chuva mereceu uma denominação:

- Garoa, aqui só caiu garoa. Se a estiagem continuar por mais alguns dias, talvez a gente venha a ter mais famílias sem água por aqui - alerta o subprefeito Valquir Chaves.

Poços
O receio do administrador do Passo do Verde é o mesmo do técnico administrativo da Defesa Civil Cladmir Cordeiro do Nascimento e do agente operacional Adamir Oliveira do Amaral, que estão acompanhando de perto o abastecimento de água das famílias. Além de entregar a água da Corsan e oferecer vasilhames para quem não tem onde armazená-la, eles orientam a população a evitar o desperdício. Durante a distribuição, também conferem a situação dos poços. São eles a fonte de suas preocupações.

- Temos verificado que não tem melhorado nada. Não há como prever quando a situação vai normalizar. O que precisa é chover - diz Cladmir Nascimento.

Chuvinha
Segundo o setor de meteorologia da Base Aérea de Santa Maria, entre o meio-dia e as 20h de ontem, choveu 4,8 milímetros, na medição feita em Camobi. A média histórica do que costuma chover na cidade em março é de 151,7 milímetros

Situação das cidades da região que sofrem com a estiagem:

Jaguari
- Principais problemas - Falta água para consumo humano e animal no interior. Vertentes de água e poços artesianos estão secando
- Número de famílias atingidas - Mais de 200 (incluindo os pedidos de socorro para problemas com animais)
- As alternativas - Prefeitura utiliza caminhão-tanque e conta com o auxílio do Exército de Santiago, que disponibiliza um caminhão com capacidade para 7 mil litros 
 - Prejuízos na agricultura - 40% na soja, 50% no milho e de 5% a 10% no fumo
- Situação de emergência - Decretada oficialmente no dia 26 de fevereiro

Júlio de Castilhos
- Principais problemas - Os maiores transtornos foram nas lavouras, mas famílias das localidades do interior são abastecidas regularmente por falta de qualidade da água
- Número de famílias atingidas - Não há contabilidade
- As alternativas - A prefeitura trabalha regularmente com escavações de poços artesianos
- Prejuízos na agricultura - 30% no feijão, 30% no milho e de 15% a 20% na soja
- Situação de emergência - Não foi decretada

São Sepé
- Principais problemas - Falta água para consumo humano e animal no interior. Vertentes de água e poços artesianos estão secando
- Número de famílias atingidas - Cerca de 10
- As alternativas - Um caminhão-pipa, com capacidade para 7 mil litros, e a viatura de combate ao fogo do Corpo de Bombeiros da cidade, com capacidade para 4,5 mil litros, fazem o abastecimento das famílias
- Prejuízos na agricultura - Algumas lavouras de soja e milho podem ter sofrido perda total, mas o levantamento da prefeitura ainda não foi concluído
- Situação de emergência - Não foi decretada

Tupanciretã
- Principais problemas - Falta água para consumo humano e animal no interior. Os problemas atingem principalmente as pessoas que não têm acesso a poços artesianos
- Número de famílias atingidas - Mais de 100 (incluindo os pedidos de socorro para problemas com animais)
- As alternativas - A prefeitura comprou uma máquina especial para abrir poços artesianos e para trabalhar no conserto dos bebedouros dos animais. Não foi necessário o uso do caminhão-pipa para abastecimento das famílias
- Prejuízos na agricultura - 12% na soja
- Situação de emergência - Não foi decretada

Unistalda
- Principais problemas - Falta água para consumo humano e animal no interior. Vertentes de água e poços artesianos estão secando
- Número de famílias atingidas - Cerca de 25 (sofrem com falta de água para consumo humano)
- As alternativas - Prefeitura utiliza um tanque com capacidade para 4 mil litros sobre um caminhão e leva água potável até as localidades do interior
- Prejuízos na agricultura - 60% no milho e 40% na soja
- Situação de emergência - Decretada no dia 29 de fevereiro

Vila Nova do Sul
- Principais problemas - Falta água para consumo humano e animal no interior. Vertentes de água e poços artesianos estão secando
- Número de famílias atingidas - Cerca de 30 (sofrem com falta de água para consumo humano)
- As alternativas - A prefeitura abre poços artesianos, mas não tem recursos para levar água potável até as famílias
- Prejuízos na agricultura - 80% no milho, 30% na soja, 85% no feijão, 30% no leite e 60% no pêssego
- Situação de emergência - Decretada em 1° de fevereiro

(Por Bruna Porciúncula e Carolina Carvalho, Diário de Santa Maria, 01/04/2008)


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