O Grupo de Trabalho da Soja (GTS) anunciou na segunda-feira (31/03) os primeiros resultados do monitoramento de áreas recém desmatadas em regiões produtoras da soja na Amazônia brasileira, com evidências de que a atual safra não vem de novos desmatamentos no bioma. O GTS, que reúne empresas de soja e ONGs, inclusive o Greenpeace, foi criado para viabilizar a implementação da Moratória da Soja, anunciada pelas grandes traders do setor em julho de 2006 para combater o desmatamento no bioma Amazônia.
A moratória da soja é um compromisso da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) e suas empresas associadas de “não comercializar a soja da safra que será plantada a partir de outubro de 2006, oriunda de áreas que forem desflorestadas dentro do Bioma Amazônico, após a data do presente comunicado". O compromisso foi anunciado em 24 de julho de 2006.
O monitoramento foi feito pela Globalsat, empresa contratada pela Abiove e Anec. Não foi encontrada soja cultivada nas áreas analisadas. As empresas ligadas à Abiove e à Anec são responsáveis por mais de 90% da soja comercializada pelo Brasil.
O levantamento aéreo e de campo foi feito com base nos dados do sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e se concentrou nos desmatamentos maiores do que 100 hectares ocorridos entre agosto de 2006 e agosto de 2007 nos estados de Rondônia, Pará e Mato Grosso – que, juntos, são responsáveis pela quase totalidade da soja plantada no bioma Amazônia. Foi também realizado um monitoramento adicional em áreas desmatadas menores do que 100 hectares em três municípios do Mato Grosso, que também não encontrou cultivo do grão. A metodologia e critérios utilizados pela Globalsat foram definidos pelo Grupo de Trabalho de Soja.
“Sem dúvida, os resultados do monitoramento do GTS mostram que a Moratória da Soja está sendo respeitada e isso é uma boa notícia. Porém, os preços elevados da soja no mercado internacional estão aumentando o apetite dos produtores por mais terras, o que cria um importante desafio para as empresas comprometidas com a moratória”, disse Paulo Adario, coordenador da campanha da Amazônia, do Greenpeace. “O desmatamento da Amazônia voltou a aumentar no segundo semestre de 2007 depois de três anos de queda e as traders terão de reforçar seu compromisso com a moratória e trabalhar junto aos produtores de soja para ajudar a reverter esse processo”.
O monitoramento aéreo do desmatamento na Amazônia feito regularmente pelo Greenpeace confirma os resultados apresentados pelo GTS, mas Adario alerta para o fato de que muitas áreas abertas recentemente se encontram dentro ou no entorno de fazendas produtoras de soja. “Os produtores serão tentados a produzir e vender grandes quantidades de soja, tornando a implementação da moratória pelas traders uma tarefa cada vez mais complexa”, disse ele.
(Envolverde/Greenpeace, 31/03/2008)