Mais um integrante do Movimento Sem Terra (MST) foi assassinado neste domingo (30/03) por milícias armadas no Paraná. Eli Dallemole, de 42 anos, foi executado dentro de sua própria casa por dois homens encapuzados no assentamento Libertação Camponesa, na cidade de Ortigueira, no Norte do Estado. A esposa e os três filhos do agricultor assistiram à cena.
A assentada e integrante da coordenação estadual do MST, Sirlene Alves Morais, conta que a organização já havia denunciado à polícia as constantes ameaças de morte que Eli estava recebendo de milícias da região. O agricultor sofria as ameaças há dois anos, mas a situação foi agravada no início de Março, quando o acampamento Terra Livre foi atacado por pistoleiros, que queimaram os barracos das 35 famílias. Eli era uma das lideranças do acampamento.
"Nós esperamos a reação das autoridades dentro do município. A autoridade aqui obedece à UDR [União Democrática Ruralista]. Você não sabe mais quem manda na cidade. Não tem lei aqui dentro, a lei é a da arma", diz.
As famílias da região relatam que a milícia armada é liderada por dois pistoleiros, Zezinho e Juarez. De acordo com os sem terra, o grupo é financiado por ruralistas, que utilizam a milícia para impedir ocupações de terra no Norte, região caracterizada por latifúndios. Zezinho está com a prisão preventiva decretada pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), pois é apontado como um dos responsáveis pelo ataque ao acampamento em Março. No entanto, o pistoleiro está foragido. Também foi instaurado em Curitiba um inquérito policial para investigação de formação de milícia armada.
Em relação ao assassinato do agricultor, o Cope divulgou a prisão de cinco suspeitos. Em Outubro passado, outro sem terra Valmir Mota de Oliveira foi assassinado durante ataque de milícia armada durante a ocupação da área da multinacional Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste.
(Por Raquel Casiraghi, Agência Chasque, 31/03/2008)