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2008-04-01

O encontro que durará uma semana irá planejar a agenda para os diálogos, que estão programados para terminar no final de 2009. A reunião acontece três meses depois de um rancoroso evento na Indonésia que expôs grandes lacunas em como os países planejam abordar o aquecimento global. “Salvar o planeta exige que você seja ambicioso em seus objetivos e, da mesma maneira, enquanto trabalha para alcançar o planejado”, Ban disse para delegados em uma mensagem de vídeo gravada.

Um dos maiores desafios para os negociadores nos próximos 21 meses será reintroduzir os EUA em um sistema global de redução de emissões. Os EUA assinaram, mas nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto, o acordo de 1997 que obriga países ricos a fazerem cortes específicos de gases poluentes. O novo tratado seria uma continuação do acordo depois que sua validade acabar em 2012.

Angela Anderson, diretora do programa de aquecimento global do Pew Charitable Trusts, uma filantropia norte-americana, disse que os negociadores estavam observando a campanha eleitoral dos EUA de perto por sinais de um aumento na vontade de lutar contra as mudanças climáticas.

“Nós temos três candidatos presidenciáveis que afirmam estar dispostos a se engajar nas negociações climáticas”, ela disse. “Definitivamente haverá uma nova voz nos EUA”. A eleição presidencial de novembro será quase na metade das negociações e muitos aqui acreditam que os negociadores irão adiar decisões mais rígidas até que o novo presidente seja nomeado.

A sociedade americana também parece estar mais consciente da questão do aquecimento global do que no começo da administração Bush. Al Gore, o ex-vice-presidente que ganhou o prêmio Nobel da paz pela sua defesa ao meio ambiente, irá lançar uma campanha de US$ 300 milhões para encorajar os americanos a pressionarem reduções agressivas nas emissões de gases, de acordo com a imprensa dos EUA.

Alguns países discordam sobre o papel que os países ricos e pobres devem ter em reduzir as emissões. E mesmo entre países ricos há uma divergência significativa. Na semana passada, o vice-ministro de Comércio japonês, Takao Kitabata, disse que o método usado para medir os cortes nas emissões de gases no Protocolo de Kyoto era “extremamente injusto”.

O Protocolo de Kyoto usa 1990 como o ponto de referência para os níveis de gases poluentes, dizendo que os países industrializados como um grupo corte suas emissões a pelo menos 5% abaixo dos números daquele ano até 2012. O Japão propôs usar 2005 como um novo ponto de referência, uma mudança que iria dar uma severa desvantagem para outros países, entre eles a Alemanha. Para o país, 1990 é um ponto de início ideal porque a Alemanha ocidental absorveu e limpou o lado oriental, que estava altamente poluído na época.

Os países também discordam em quanto compensar os países desenvolvidos pelos seus esforços em reduzir o aquecimento global. O acordo de Bali alcançado em dezembro pedia para países ricos ajudarem a financiar tecnologias energéticas mais limpas e alternativas de combustível nos países em desenvolvimento. A ONU calcula que pelo menos US$ 200 bilhões serão necessários até 2030 para essas mudanças. Como uma medida da potencial e enorme desvantagem, o país mais rico do mundo, os EUA, propôs até agora em contribuir com US$ 2 bilhões em dois anos.

(Por Thomas Fuller, The New York Times, Ultimo Segundo, 31/03/2008)


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