O advogado Robert Kennedy Jr., filho do senador e ex-candidato à presidência norte-americana assassinado, afirmou que a região da Patagônia "seria um parque protegido" se pertencesse aos Estados Unidos. Kennedy exemplificou dessa forma a importância de uma das zonas de maior valor ecológico do mundo, que será inundada caso seja aprovado o projeto da empresa espanhola Endesa para a construção de grandes centrais hidrelétricas nos rios Baker e Pascua. O Estudo de Impacto Ambiental das obras ainda não foi entregue, mas o projeto já é criticado pela comunidade chilena e internacional.
Nos últimos dias, o ministro de energia, Marcelo Tokaman, alarmou os ambientalistas ao expressar aprovação ao empreendimento devido à atual crise energética do Chile. Convidado por representantes do Conselho de Defesa da Patagônia Chilena, Kennedy Jr. reiterou seu total apoio à campanha das organizações ecológicas por uma "Patagônia sem represas", que conta com o apoio do Conselho para a Defesa de Recursos Naturais, organização não-governamental norte-americana à qual o advogado pertence.
Kennedy assegurou que há muitas oportunidades energéticas no Chile e é provável que o país tenha um dos maiores potenciais para a produção de energia solar do mundo, maior que o da Alemanha, que produz 12 mil megawatt com este sistema (cerca de 20% da energia produzida pelo país). O norte-americano também mencionou a opção tomada pela Islândia em 1970 pela geotermia; a Suécia, que estipulou, em 1996, que seria auto-suficiente em energia em 2020; e o estado norte-americano da Califórnia, onde houve pressão por maior eficiência energética e pela redução da demanda de energia.
Além disso, explicou que as grandes empresas decidiram construir enormes represas hidrelétricas 50 anos atrás, mas "hoje em dia, estuda-se como demoli-las", já que não duram mais de 40 anos. Kennedy foi recebido pela presidente chilena, Michelle Bachelet, a quem levou a mensagem de que é preciso convencer os investidores para que o Chile possa alcançar a independência energética. O advogado ainda fez uma alusão a uma visita de seu pai ao Chile em 1965, dizendo que ele "estava a favor das nacionalizações e de que os chilenos tomassem suas próprias decisões".
(ANSA, 31/03/2008)