Criada em 1975 com o acordo nuclear Brasil-Alemanha, a Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A (Nuclep) renasce lentamente na esteira do novo boom vivido pelo setor nuclear no mundo. Além iniciar em caráter informal a modelagem de três equipamentos que serão construídos para a central termonuclear Angra 3, a empresa recebeu consultas da gigante francesa Areva – líder mundial em soluções tecnológicas para a geração e distrubuição de energia – via Ministério de Minas e Energia, para uma parceria que poderá render uma fatia dos US$ 100 bilhões de contratos previstos pelo setor, até 2030, no mundo.
Hoje, a empresa começa o transporte do primeiro dos dois geradores de vapor construídos para a usina Angra 1, a primeira central termonuclear do país. Encomendados pela Areva para substituir o equipamento obsoleto da década de 70, os dois geradores demandaram investimento de R$ 569 milhões. Com 340 toneladas e 21 metros de comprimento, os equipamentos representam, para o ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Resende, a retomada do programa nuclear brasileiro.
Diretor Industrial da Nuclep, Adolfo de Aguiar Braide revela que serão necessários investir até R$ 30 milhões nos próximos anos para modernizar e ampliar a capacidade da empresa. Devido ao longo período de inatividade, com a paralisação do programa nuclear brasileiro, boa parte dos equipamentos da década de 70 terá que ser substituído.
Independentemente de Angra 3, o futuro da Nuclep se revela promissor devido aos mais de 50 projetos de usinas previstos para os próximos 10 anos nos Estados Unidos, Europa e Ásia. Se resultarem em parceria efetiva, as conversas da estatal com a Areva poderão tornar a estatal brasileira um dos grandes players do setor. Assim como na área petrolífera, a indústria nuclear vive um período de escassez de equipamentos devido ao esgotamento da capacidade instalada dos fornecedores globais.
Se tudo der certo, explica Braide, a intenção da Areva seria usar a oficina da Nuclep, no município de Itaguaí (RJ), para fabricar os equipamentos para as novas usinas do exterior.
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Jornal do Brasil, 31/03/2008)