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reservas extrativistas amazônia
2008-04-01
Caciques das 13 aldeias tembé e kaapo, onde vivem cerca de 1.300 índios, disseram, na tarde da última quarta-feira, em Paragominas, que vão exigir que o governo federal também aprove e libere projetos de manejo para que eles também possam extrair madeira das florestas localizadas nos mais de 150 mil hectares de reserva que possuem.  O anúncio foi feito durante reunião convocada pelo prefeito de Paragominas, Adnan Demachki, para discutir a participação dos índios no projeto de tornar o município o primeiro a alcançar o desmatamento zero na Amazônia, através de medidas e iniciativas ambientais, muitas delas já implementadas, como a criação de um parque ambiental, e educação ambiental para mais de 30 mil crianças da rede municipal de ensino.  Adnan está convocando todos os paragominenses 'a pactuarem o compromisso com a preservação e respeito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado'.  Daí a convocação dos índios para fazerem parte desse pacto.

Fazendo uma espécie de mea culpa por terem liberado, desde julho do ano passado e por uma quantidade ínfima de dinheiro, madeireiros a invadir a reserva e dela extrair milhares de metros cúbicos de maçaranduba, ipê, tauari e currupixa (segundo os próprios indígenas, mais de 20 mil hectares de área foram invadidos pelos madeireiros), os caciques garantem que, se não forem atendidos nas reivindicações, voltam a comandar a invasão das próprias terras.

Além do plano de manejo florestal, os índios querem recursos para tocar uma atividade econômica que os sustentem e também gere renda, através de uma roça mecanizada, acabando de vez com a agricultura de toco.  'Fomos obrigados e vender madeira para poder sobreviver.  Só produzimos pra gente se alimentar, a caça e a pesca estão ficando cada dia mais difícil.  Muita gente nos prometeu ajuda, os governadores, o governo federal e até o dr. Felício Pontes (procurador da República).  Mas de prático não se fez nada, ninguém dá alternativa pra gente sobreviver', desabafou o cacique Sérgio Muxi Tembé.

Outro cacique, Siba Timbira, da aldeia Ikatu, disse que desde criança ouvia do pai que não se devia viver da madeira.  'Mas a situação chegou a um ponto que a gente não suportou mais, e a Funai é que é a culpada por tudo isso, inclusive fazendo a gente ser obrigada a vender madeira'.  Siba acrescentou que 'não somos mais selvagens, que andavam nus e comiam sem sal', e que 'ninguém orienta nós pra gente poder ganhar nosso dinheiro, e foi por isso que chegou um momento que nos fomos mexer com a madeira que meu pai nunca queria mexer'.

Siba lembra que, quando o madeireiro invadia a reserva para extrair madeira, 'a gente ia reclamar na Funai, e diziam que não havia recursos, mas que iam tomar providência.  E o madeireiro continuava invadindo.  A área é nossa, a madeira é nossa e nossos filhos necessitam dela e não podem tirar.  Sei que foi ilegal vender a madeira.  Hoje quem tirou essa madeira ficou mais rico, com carro novo, e Siba continua pobre, não tem nada.  O índio continua do mesmo jeito, plantando no braço.  Se este ano não nos ajudarem, vamos vender madeira de novo', alerta o cacique.

Mais velho de todos os 13 caciques, Agostinho, da aldeia Canindé, disse que 'há 21 anos vem pelejando com a Funai' para que os madeireiros saíssem da reserva indígena.

Paragominas quer obter selo verde de preservação
Promessas não cumpridas à parte, dessa vez os índios tembé e kaapo contam com o apoio de pessoas influentes e determinadas a fazer do município de Paragominas o primeiro da Amazônia a obter o selo verde, através de desmatamento zero e de outras iniciativas ambientais.  Liderado pelo prefeito Adnan Demachki, esse grupo, formado por empresários rurais e urbanos, madeireiros, dirigentes lojistas, Sindicato dos Produtores Rurais de Paragomnas e pelo menos mais 35 entidades do município, se prontificou a formar uma comissão para ir até as autoridades que possam viabilizar a instalação de projetos de manejo dentro da reserva indígena, assim como ajudar a elaborar projetos que viabilizem recursos para os índios a tocar uma agricultura mecanizada.

Dentre as autoridades que serão procuradas pela comissão, estão a governadora Ana Júlia Carepa e o procurador Felício Pontes.  Programa-se e até mesmo ir a Brasília falar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Calcula-se que pelo menos 10 mil metros cúbicos de madeira derrubada ainda estejam na reserva, apodrecendo, segundo as lideranças.  'Precisamos blindar Paragominas dessa crise ambiental.  Estamos pagando mais pelo nosso passado do que estamos fazendo hoje.  Precisamos todos buscar um caminho que não seja o que deram a Tailândia', completou o prefeito.

(O Liberal, 31/03/2008)



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