Amenizar o impacto provocado pelo carbono emitido durante as atividades parlamentares do Senado Federal é o próximo desafio da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (Abraf) que vai dar início a um programa de plantio de espécies nativas da Mata Atlântica. Esta semana, o presidente do Senado Federal, Garibaldi Alves Filho, se reuniu em Brasília com representantes da Abraf para dar início ao programa. A associação contará com o apoio da organização SOS Mata Atlântica, que em 2007 organizou o programa Parlamento Carbono Neutro, e promoveu o plantio de 12 mil árvores de diferentes espécies para reduzir o impacto ambiental provocado pelas atividades na Câmara dos Deputados.
Segundo César Augusto Reis, diretor executivo da Abraf, o trabalho se inicia com o levantamento da quantidade de carbono emitido pelo Senado em atividades como consumo de energia, uso de combustíveis fósseis no transporte dos parlamentares e produção de resíduos. A partir das informações coletadas, será possível calcular a quantidade de árvores que deverão ser plantadas para neutralizar o carbono emitido na atmosfera. A previsão é de que o levantamento seja concluído em quatro meses e que o plantio de árvores nativas na Mata Atlântica comece no segundo semestre de 2008, abrangendo as áreas situadas entre a Bahia e o Rio Grande do Sul.
Segundo Reis, a proposta de trabalho foi bem aceita pelos parlamentares. No próximo dia 1o de abril, o presidente do Senado, Garibaldi Alves, anunciará formalmente a parceria durante a posse da nova diretoria da Abraf. Segundo Reis, o plantio será feito pelas empresas produtoras, ligadas à entidade - no total são 23 produtores e 7 associações estaduais.
"Não será um plantio qualquer, pois faremos o acompanhamento, inclusive com registro fotográfico, das árvores que serão plantadas", afirma. Segundo o diretor executivo da Abraf, a parceria com o Senado no programa de redução das emissões de carbono é uma oportunidade para as empresas produtoras de florestas plantadas, tendo em vista a representatividade do Senado. "Queremos conscientizar as equipes do Senado para o papel educativo das mudanças de comportamento, visando também a diminuição das emissões de carbono, pois se ficarmos apenas na redução dos impactos acabaremos por estimular uma cultura do desperdício", alerta.
Para ele, o cidadão comum pode sim contribuir para a não emissão de carbono na atmosfera com ações simples, como caminhar ao invés de usar o veículo para ir à padaria ou à farmácia. O ponto chave é racionalizar o consumo de combustíveis fósseis, potencial emissor de gases que provocam o efeito estufa.
César Augusto Reis lembra ainda a importância das florestas plantadas como forma de compensar os níveis de carbono emitidos na recuperação de áreas degradadas. No Brasil são 100 milhões de hectares de áreas degradadas e apenas 5 milhões de hectares de florestas plantadas. "Não se derruba florestas nativas para plantar pinus ou eucalipto e, mesmo nestas áreas, existem a reserva legal e as áreas de preservação permanente garantidas", diz.
(Por Candida Lemos,
Celulose Online, 28/03/2008)