Manaus sedia o evento oficial de celebração ao Dia Mundial da Água, cujo título é “Águas e Saneamento no Brasil”, nesta sexta-feira, 28/03. O evento brasileiro é baseado no tema anual escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o Dia Mundial da Água 2008: o saneamento.
Junto com o diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), José Machado, e outras autoridades, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, abriu o evento. “Sei da dificuldade que existe para países em desenvolvimento darem conta de levar água para a casa das pessoas, que esta água tenha assegurada a potabilidade necessária e que possamos tratar adequadamente o esgoto. É difícil, mas não é impossível. Sabemos que se priorizarmos politicamente estes assuntos, eles receberão o devido aporte de recursos para a sua efetivação”, afirma a ministra. Marina Silva ainda destacou o Programa Despoluição de Bacias Hidrográficas (Prodes), da ANA, como um exemplo de ação inovadora na área de saneamento.
De acordo com o representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), José Tubino, um total de 2,6 bilhões de pessoas não têm saneamento ao redor do mundo. De acordo com Tubino, é importante haver parcerias entre os diferentes níveis de governo em prol da água. “A ONU dedicou o ano de 2008 para estimular a reflexão e a ação sobre a melhoria do saneamento básico no mundo”, ressalta.
Conforme o prefeito de Manaus, Serafim Corrêa, a questão da água deve ser uma preocupação mundial. “Por termos água demais (na Amazônia) temos de valorizar este recurso natural tão valioso. Já a secretária de Meio Ambiente do Amazonas, representando o governador Eduardo Braga, destaca que “as políticas do governo do Amazonas vêm criando todo o arcabouço para que possamos preservar nossas florestas e conseqüentemente nossas águas”.
O representante da Fundação Roberto Marinho (FRM), Ricardo Piquet, tratou das ações da instituição na área de meio ambiente e citou como exemplo o projeto Caminho das Águas, uma parceria entre a FRM e a ANA. Jorge Samek, da Itaipu Binacional, falou a respeito da Carta de Foz do Iguaçu, formulada no Dia Mundial da Água 2007. Ainda houve a assinatura de um termo de cooperação entre a Petrobras e a FAO, que visa a desenvolver projetos ambientais e sociais.
Avanços e Desafios
O diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), José Machado, proferiu a palestra intitulada de “Avanços e Desafios do Gerenciamento de Recursos Hídricos na Bacia Amazônica” no evento “Água e Saneamento no Brasil”.
Machado abordou assuntos, como: a gestão de recursos hídricos, o Programa Nacional de Desenvolvimento dos Recursos Hídricos (Proágua Nacional) e o saneamento no Amazonas e no restante do Brasil. “Com uma visão estratégica, temos que fortalecer cada vez mais a Política Nacional de Recursos Hídricos e os estados amazônicos têm que perseguir esta cena, instituindo suas políticas (de recursos hídricos), fortalecendo órgãos gestores e incorporando quadros técnicos de excelência para que tenhamos a convicção de, então, fazer a gestão adequada de nossos recursos hídricos”, conclui Machado.
Segundo o representante do Ministério das Cidades, Márcio Galvão, a universalização dos serviços de saneamento no país depende de R$ 185 bilhões pelos próximos 20 anos. Galvão ainda frisou que o PAC do Saneamento prevê investimentos do Orçamento Geral da União da ordem de 12 bilhões entre 2007 e 2010.
Representando a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (Abas), Éverton de Souza abordou temas, como: o aspecto estratégico das águas subterrâneas brasileiras, os efeitos que as ações ocorridas na superfície causam às águas subterrâneas e a potabilidade destas águas.
Antônio dos Santos, coordenador do Centro de Estudos Amazônicos da Fundação Rede Amazônica, apresentou o Projeto Consciência Limpa, que visa à sensibilização socio-ambiental da população de Manaus residente em igarapés, e o Projeto Show das Águas – evento científico, cultural e ambiental levado a municípios amazonenses.
Conforme o mediador José Borghetti, da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a água – se não tratada com o devido cuidado – deixa de significar vida e se torna sinônimo de morte.
O Papel dos Governos
A mesa de debates “O Saneamento Ambiental Brasileiro e o Papel dos Governos” foi a primeira do evento “Água e Saneamento no Brasil”, celebração oficial do Dia Mundial da Água no Brasil, na manhã desta sexta-feira, 28/03, em Manaus. Cabe lembrar que o Dia Mundial da Água é celebrado em 22/03, mas no país excepcionalmente a data foi comemorada no dia 28.
Participaram da mesa as seguinte autoridades: o prefeito de Manaus, Serafim Corrêa; o presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Francisco Forte; a secretária de Meio Ambiente do Estado do Amazonas, Nádia Ferreira; o diretor da Fundação Amazônia Sustentável, Virgílio Vianna; e o mediador Luciano Zica, secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente.
Tanto o prefeito de Manaus como a secretária de Meio Ambiente do Estado do Amazonas destacaram a contradição entre a abundância de água na Amazônia e a escassez de água por que passam habitantes da região. Serafim Corrêa apresentou o programa Corredores Urbanos, cujo objetivo é disciplinar o uso e a ocupação do solo em corredores ecológicos de Manaus, a fim de prevenir o assoreamento e a poluição de cursos d’água da capital amazonense.
Já a secretária Nádia Ferreira expôs o Programa de Melhorias Sanitárias Domiciliares, Aproveitamento e Armazenamento de Água da Chuva (Prochuva), o qual tem como objetivo proporcionar, a partir da captação da água de chuva, condições favoráveis de saúde à população do Amazonas.
Experiências
Sob a mediação do coordenador-geral das Assessorias da Agência Nacional de Águas (ANA), Antônio Félix Domingues, O último painel do evento “Água e Saneamento no Brasil” trouxe apresentações acerca de experiências em água e saneamento. O evento é realizado em Manaus durante toda esta sexta-feira, 28/03, e homenageia o Dia Mundial da Água, data celebrada no último dia 22.
O diretor-executivo da Fundação Banco do Brasil, Francisco Santos, proferiu palestra a respeito do saneamento básico rural. Já o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, Rodrigo Loures, tratou do uso e do reúso da água na indústria e impactos no saneamento – com uma abordagem voltada ao Paraná. Por fim, discursou Anna Virgínia Machado, da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes).
De acordo com o coordenador-geral das Assessorias da ANA, o Brasil desperta para a importância do saneamento. “Nosso país finalmente aprendeu que não cuidar do saneamento é um mau negócio. O Brasil está começando a equacionar a grande dívida de saneamento com a população”, conclui.
O evento é resultado da parceria entre diversas instituições: Ministério do Meio Ambiente, Agência Nacional de Águas, Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Governo do Estado do Amazonas, Prefeitura de Manaus e Fundação Roberto Marinho.
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ANA, 28/03/2008)