Mesmo com a instalação de filtros, cooperativa não consegue acabar com seu histórico problema
Coriscal: complexo industrial produz poeira e filtros não estão dando conta, apesar de todo o investimento
O início da safra de arroz está novamente gerando transtornos para os vizinhos da Coriscal, no Bairro Carvalho, que acabam sendo prejudicados pela emissão de poeira por parte do complexo de beneficiamento da Coriscal. O funcionário público Ernani Kilian, 50 anos, é um dos incomodados com o lançamento do pó, que nos últimos dias invadiu com intensidade a sua casa na Rua Tuiti. Além dos transtornos causados pela sujeira, ele está preocupado com os problemas de saúde provocados pelas partículas.
“Minha esposa tem crises de rinite alérgica, problema que se agrava quando a emissão de poeira fica mais intensa”, revela Killian, “e eu não posso afirmar que seja por este motivo, mas também não o descarto. Tenho uma filha pequena, de nove anos, que hoje está bem de saúde, mas com o passar dos anos poderá sofrer as conseqüências de tanta poeira”, lamenta ele.
A funcionária pública Ivonir Neves, moradora da Rua Riachuelo, também sofre com a emissão de poeira da Coriscal. Ela afirma que há dias em que é preciso manter as portas e janelas completamente fechadas devido ao pó. “É um absurdo. Uma nuvem de poeira forma-se no ar, tornando impossível estender roupas no varal para secar. Dentro de casa os móveis ficam brancos com tanta poeira”, reclama Ivonir. Para ela, a Coriscal deveria investir mais em equipamentos para controlar o lançamento de partículas na atmosfera.
Importância
“Entendo que a cooperativa é muito importante para Cachoeira, pois é uma das grandes indústrias da cidade e emprega dezenas de pessoas”, prossegue Ivonir, “mas esta atividade industrial não pode ser prejudicial para os moradores”, opina ela. O vereador e proprietário da Funerária Valmarques, Valdocir Marques, é outro prejudicado pela poeira. Ele relata que na última semana vários familiares reclamaram do pó nas capelas velatórias durante os funerais. “O pó toma conta das salas e da rua, prejudicando a respiração e provocando coceira nas pessoas”, relatou Valdocir.
(Por Patricia Miranda, Jornal do Povo, 31/03/2008)