Pescadores artesanais começaram a deixar o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, em Mostardas, à procura de outros locais para exercerem sua atividade. Na tentativa de garantir que as espécies de peixes sobrevivam à forte estiagem que castiga a região, a pesca foi suspensa no parque na quinta-feira por tempo indeterminado. Devido à escassez de chuva, mais de duas toneladas de peixes já morreram.
Segundo a diretora do parque, Maria Tereza Queiroz Melo, os trabalhadores têm buscado refúgio principalmente em Rio Grande e Bujuru. Na quinta-feira a diretora se reuniu com integrantes de entidades de pesca para explicar a medida e debater a situação da lagoa. De acordo com Maria Tereza, somente pescadores da comunidade têm autorização para a atividade, amparados pelo Sistema Nacional de Unidade de Conservação. Mesmo em período de safra, o camarão ainda está com tamanho abaixo do mínimo exigido para a pesca. Nessa situação, o crustáceo fica sem qualquer valor comercial. A esperança é que os peixes permaneçam nos canais, cuja área é mais profunda. Entre as principais espécies que ocupam a lagoa estão a tainha, o papa-terra e o linguado.
Estiagem excessiva
A diretora do parque comentou ainda que a seca é comum nesta época do ano, mas não na mesma proporção como está ocorrendo. “A lagoa é rasa e longa, o que faz com que a evaporação seja ainda maior”, explica. Segundo estimativa da equipe do parque, 90% da lagoa sofreu com a estiagem. Situação semelhante, Maria Tereza lembra que ocorreu em 2005, quando uma forte estiagem também atingiu o parque. A tendência é que a situação se agrave nos próximos dias caso não chova. Por outro lado, a morte dos animais faz com que, posteriormente, em um período de cheia, seus nutrientes sirvam para alimentar outros peixes. (Valério Cabral)
(Diário Popular, 31/03/2008)