A educação ambiental é tão importante para a recuperação das bacias hidrográficas quanto o saneamento básico e a destinação adequada dos resíduos sólidos. Esta é a principal conclusão do seminário sobre educação ambiental que aconteceu hoje na Feevale em Novo Hamburgo. O evento, coordenado pelo deputado Ronaldo Zulke (PT), reuniu centenas de professores, estudantes e militantes do movimento ecológico do Vale do Sinos.
Munidos da certeza de que a reabilitação do rio dos Sinos requer uma mudança no comportamento da população, o grupo deverá partir para ações concretas. Uma delas é fomentar a formação de coletivos de educadores ambientais que irão atuar nos 20 municípios da região que já aderiram ao Consórcio Pró-Sinos. "Não basta tratar o esgoto antes de lançá-lo no rio se as pessoas continuam poluindo o manancial com todo o tipo de velharia, como sofás, fogões inutilizados e garrafas", frisou Rodrigo dos Santos, estudante que integra uma das patrulhas ecológicas que costumam recolher lixos das margens do rio e dos arroios dos municípios do Vale do Sinos.
O papel dos educadores ambientais, segundo Zulke, será o de aumentar o grau de consciência da população sobre as responsabilidades individuais pela preservação do meio ambiente, somando-se às iniciativas já existentes nos municípios. "Os governos têm responsabilidade e devem buscar soluções para o problema que se agrava em escala crescente. Mas a população também deve fazer a sua parte, colaborando para potencializar as ações governamentais e cobrando quando elas não existirem ou forem insuficientes", apontou o deputado. Ele advertiu, no entanto, que junto com as ações educativas deverão ocorrer investimentos para reabilitar o rio como a ampliação do tratamento do esgoto doméstico e o aumento da fiscalização sobre o lançamento de efluentes pelas empresas da região.
Momento profícuo
Segundo o gerente de projetos do Ministério do Meio Ambiente, José Vicente Freitas, que participou da discussão, o momento é profícuo para o desenvolvimento de projetos voltados à educação ambiental. O orçamento da União disponibiliza R$ 14 milhões em 2008 para a formação de coletivos de educadores ambientais. O edital para seleção dos interessados deverá ser lançado até maio. Além disso, de 1% a 3% dos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para o saneamento devem ser investidos em programas de educação ambiental. "No Rio Grande do Sul, isso significa R$ 2,7 milhões", revelou. Especificamente para o rio dos Sinos, o governo federal destinou R$ 1 milhão que deverão ser aplicados em projetos educativos voltadas à preservação da bacia hidrográfica.
Resíduos Sólidos
Em função do esgotamento dos aterros sanitários dos municípios da região, a destinação de resíduos sólidos foi outro tema tratado no seminário. Uma das sugestões para resolver o problema, que tende a se agravar nos próximos anos, é a construção de uma usina de transformação do lixo em biomassa e energia. Zulke sugeriu que o Consórcio Pró-Sinos firme convênio com a Eletrobrás para realização de estudo de viabilidade sócio-econômica do empreendimento. "Precisamos fazer esta discussão avançar, buscando soluções coletivas para problemas comuns. Um passo importante neste sentido já foi dado com a adesão de 20 prefeituras ao Consórcio Pró-Sinos", salientou.
Mais de 300 pessoas lotaram o auditório da Feevale, em Novo Hamburgo, para participar do seminário estadual sobre educação ambiental com foco na recuperação da bacia do rio dos Sinos. O público é formado por professores, alunos e, também por pessoas que atuam na área do meio ambiente. O seminário foi rganizado pelo Grupo de Educação Ambiental vinculado à Comissão Especial do Consórcio Pró-Sinos, juntamente com o Comitesinos, Consórcio Pró-Sinos, Unisinos, Feevale, La Salle, Faccat e Ulbra.
(Por Lucídio Gontan,
Agência de Notícias AL RS, 28/03/2008)