O primeiro ministro britânico, Tony Blair, disse em entrevista à BBC que os Estados Unidos podem estar propensos a apoiar um acordo na reunião do G8 sobre mudança climática, marcada para o próximo mês. Até agora, o governo de George W. Bush vem defendendo acordos voluntários como uma alternativa à imposição de metas para cortar as emissões de dióxido de carbono.
Em entrevista ao programa de TV "Newsnight", ao ser questionado sobre como iria convencer o presidente George W. Bush a concordar com a imposição de um limite nacional nas emissões de CO², Blair disse que "diversos Estados (americanos) já estão fazendo isso". "Eu não posso acreditar que haja muitos candidatos à Presidência dos Estados Unidos que não tenham a mudança climática em seus programas", disse. "Eu acho que é possível que vejamos ação --e pelo menos o início dessa ação na reunião do G8."
Em setembro do ano passado, a Califórnia se tornou o primeiro Estado americano a definir metas para reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa.
Prioridade
A Alemanha, que ocupa a presidência do G8 (o grupo dos sete países mais industrializados do mundo e a Rússia), fez da questão climática a prioridade de sua gestão. O G8 e países como Brasil, China, Índia, México e África do Sul vêm discutindo a questão das emissões de carbono. No entanto, na semana passada, em um encontro organizado pela ONU, os Estados Unidos indicaram que não vão participar de negociações no final deste ano para chegar a um acordo global sobre redução de emissões de gases causadores do efeito estufa.
De acordo com documentos obtidos pela BBC, os Estados Unidos estão tentando bloquear partes de uma proposta de acordo sobre a mudança climática preparada para o encontro do G8. Washington faz objeção às metas da proposta de limitar em 2ºC o aumento da temperatura global neste século e cortar pela metade, até 2050, as emissões de gases que causam o efeito estufa.
China e Índia
Na entrevista, o premiê britânico disse ainda que não faz sentido um acordo sobre mudança climática que não inclua a China e a Índia - duas das economias que crescem mais rapidamente no mundo. Blair afirmou que a China deve receber ajuda, incluindo transferência de tecnologia e financiamento, para um consumo de energia mais sustentável.
A China deverá ultrapassar os Estados Unidos como o maior emissor mundial de gases causadores do efeito estufa. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, também disse que o mundo deve cortar pela metade as emissões de gases nocivos até 2050. Foi a primeira vez que o Japão definiu uma meta firme para substituir o atual Protocolo de Kyoto, que expira em 2012.
(BBC, Folha Online, 30/03/2008)