Um acordo anunciado dia 27 entre o governo da Guiana e um fundo de capitais britânico permitirá o pagamento por serviços ambientais de uma floresta na Amazônia. Pela primeira vez, investidores vão pagar pelo que é produzido pelo ecossistema, incluindo geração de chuvas, regulação do clima, manutenção da biodiversidade e água, utilidades de importância global que serão banidas se as florestas forem destruídas.
O acordo entre a reserva florestal de Iwokrama e a empresa Canopy Capital prepara o uso de capital de risco para salvaguardar esses serviços na reserva de Iwokrama, na Guiana. A reserva de mais de 400 mil hectares, administrada pela Comunidade Britânica de Nações, é um dos quatro sistemas de florestas tropicais intactos no mundo.
"Florestas são muito mais do que estoques de carbono. Nós devemos medir e criar valores para todos os serviços que elas proporcionam. Essa iniciativa se encaixa perfeitamente com a política de Iwokrama de demonstrar que conservação, balanço ambiental e atividades econômicas sustentáveis podem se reforçar mutuamente", disse o diretor da reserva de Iwokrama Edward Glover.
A floresta gera chuvas que abastecem a produção de commodities agrícolas na América Latina e Caribe. "Como pode os serviços da Google valer milhões e todos esses serviços das florestas não valerem nada?", questiona o diretor de investimentos da Canopy Capital Hylton Philipson.
O acordo cria um modelo de mercado de serviços de ecossistemas, tentando fazer com que as florestas tenham mais valor em pé do que cortadas. No anúncio da iniciativa, em Nova York, o diretor da Canopy Capital Andrew Mitchell disse que "a decisão da conferencia da ONU em Bali [em dezembro 2007] foi um grande passo na questão das mudanças climáticas, mas falhou em recompensar países que não estão derrubando suas florestas, como a Guiana".
No ano passado a Guiana ofereceu entregar todas as suas florestas a um organismo internacional em troca de auxílio financeiro ao desenvolvimento. Segundo a Canopy Capital, já estão assegurados os recursos para providenciar melhoria de vida a cerca de 7 mil pessoas que vivem na região.
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Amazonia.org.br, 28/03/2008)