Na região serrana, a Eletrosul tem um plano ambicioso para os próximos anos. Planeja construir pelo menos seis Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). As usinas serão instaladas nos rios Pelotinhas e Lava Tudo. Em Lages, a previsão é que sejam construídas três PCHs - em Itararé, Pinheiros e João Batista. Além disso, existe ainda a Usina de Barra Grande, sem falar na Usina de Pai Querê, cuja construção já vem sendo discutida pelas autoridades. No entanto, todo esse desenvolvimento econômico e social pode trazer sérios danos ambientais.

Uma pesquisa feita recentemente e publicada na revista "Ciência Hoje" revela que a decomposição do material orgânico (plantas, principalmente) nas áreas alagadas de usinas hidrelétricas pode gerar e emitir para a atmosfera quantidade expressiva de metano (CH4) e gás carbônico (CO2), dois gases envolvidos no aquecimento global. "O uso de combustíveis fósseis é considerado como a principal causa do aumento da temperatura no planeta, mas existem outras formas de geração de energia que também contribuem para esse problema, que são as hidrelétricas", dizem especialistas na revista.

No caso da decomposição da matéria orgânica em lagos profundos, a reportagem revela que se trata de uma das maiores fontes de metano, um dos gases que mais participa do aquecimento global. Nesse caso, segundo a reportagem, parte do carbono armazenado no tecido das plantas (em geral retirado da atmosfera na forma de CO2) é liberado na forma de CH4, quando estas se decompõem na ausência do oxigênio, condição encontrada com freqüência em muitos reservatórios artificiais.

O represamento dos rios, para gerar energia elétrica, provoca alagamentos de vastas áreas de terra. Todo o vegetal é destruído pelas águas. Segundo a publicação, a maior parte das plantas submersas morre e entra em decomposição, gerando CH4 e CO2, que são liberados na atmosfera. Outra parte é liberada abaixo da barragem, na saída das turbinas, devido à queda da pressão hidrostática. Ainda segundo a revista Ciência Hoje, no ano de 2000 os cientistas estimaram que a emissão dos reservatórios corresponda globalmente a 4% das emissões de CO2 e 18% da emissões de CH4.

(O Momento, 28/03/2008)