Presidente diz que empresa deve "ajudar continente" e não visar só o lucro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que, nos acordos com empresas de outros países da América do Sul, a Petrobras deve pensar na integração da região e não apenas na própria rentabilidade.
"Obrigado por contribuir para que PDVSA e Petrobras deixem de ser duas misses muito competentes e muito vaidosas e que sejam duas empresas que pensem como nós", disse Lula, dirigindo-se ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
"Que não pensem apenas na sua rentabilidade mas que pensem também no que elas podem fazer para ajudar o continente sul-americano", afirmou Lula, durante entrevista ao lado do colega venezuelano.
Antes da mudança de comportamento das empresas, segundo Lula, a Petrobras se preocupava com a autosuficiência brasileira de petróleo, e a PDVSA, em atender ao mercado americano.
Lucro menor
É a primeira vez, disse Lula, que as duas empresas olham para a região em vez de olhar para fora.
"Nós sabemos que um processo de integração eficaz e produtivo exige generosidade, grandeza e muito mais que isso, compromisso ideológico, econômico e social com o nosso continente", afirmou o presidente.
A interferência política na Petrobras tanto nas nomeações de cargos da direção quanto na orientação comercial tem sido criticada por analistas que monitoram as ações da empresa e consideram que este tipo de atuação desvaloriza a companhia.
Em 2007, o lucro da empresa foi 17% menor do que no ano anterior.
No caso da PDVSA, a atuação política é mais clara e assumida pelo governo Chávez, que defende os acordos de fornecimento de petróleo a preço subsidiado a países da América Central e Caribe como um instrumento de integração e desenvolvimento regional.
Refinaria
Lula e Chávez se reuniram na quarta-feira em Recife para definir os termos do contrato entre as duas empresas, que tem planos para fazer dois emprendimentos conjuntos no Brasil e na Venezuela cujos detalhes ainda não estão fechados.
Um dos maiores problemas da refinaria em Pernambuco é a relutância da Petrobras em permitir que a PDVSA comercialize no mercado brasileira parte dos derivados que serão produzidos na refinaria.
Os dois presidentes não negaram o problema, mas minimizaram a sua importância afirmando que como a produção só começa em 2010 haverá tempo suficiente para acertar os detalhes do contrato.
Na quarta-feira à noite os dois presidentes assinaram um contrato de associação, mas os detalhes só serão definidos na próxima reunião entre os dois presidentes, na Venezuela, em junho.
"Trabalhando juntos poderemos resolver problemas que ontem pareciam intransponíveis e que hoje poderão ser resolvidos com a maturidade política", afirmou Lula.
(G1, 27/03/2008)