Representantes dos bancos reuniram-se quarta-feira (26) com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e diretores do Banco Central para discutirem a situação do crédito no país e afirmaram que não há necessidade de qualquer restrição para evitar inflação. Segundo o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Fábio Barbosa, a maior parte das carteiras de crédito dos bancos é muito sólida. "O que, às vezes, existe são situações eventuais de uma posição um pouquinho mais alongada, mas são residuais. A maior parte do crédito é feito de forma muito sólida para suportar o crescimento do consumo e do investimento de uma forma bastante positiva", comentou.
Na segunda-feira, Mantega convocou a imprensa para afirmar que o governo está preocupado com a possibilidade futura de haver defasagem entre oferta e demanda de bens, o que pode provocar inflação. Além disso, o ministro disse que teria de ouvir os bancos para saber se estão concedendo crédito de maneira responsável.
Além de Barbosa, participaram do encontro de ontem os presidentes do Itaú (Roberto Setúbal), do Bradesco (Márcio Cypriano), do Unibanco (Pedro Moreira Salles) e do Banco do Brasil (Antonio Francisco de Lima Neto). Mantega estava acompanhado de seu secretário de Acompanhamento Econômico, Nelson Barbosa. Representaram o Banco Central os diretores Alexandre Tombini (Normas), Mário Mesquita (Política Econômica) e Mário Torós (Política Monetária).
De acordo com o presidente da Febraban, a reunião com Mantega permitiu que o tema das preocupações sobre o crédito fosse colocado de forma clara e o mercado tem se ajustado de maneira "muito boa". Portanto, não existe necessidade de qualquer ajuste. Segundo sua versão, a conversa com o ministro da Fazenda foi "absolutamente tranqüila". Ela faz parte dos encontros que o governo vai realizar com representantes da indústria automobilística, do setor siderúrgico e dos fabricantes de cimento. "O setor financeiro pode dar continuidade a esse ritmo de crescimento", garantiu Barbosa.
Para a entidade, a carteira de crédito tem crescido cerca de 22% nos últimos anos e esse ritmo acelerou-se um pouco mais no último ano. Mas esse crescimento, nas palavras de Barbosa, tem sido feito dentro de critérios de avaliação de risco muito prudentes. "Foi uma reunião bastante positiva que dá a mensagem de continuidade e de nenhuma mudança ou ruptura no processo que vem acontecendo", informou.
(Valor Online,
FGV, 27/03/2008)