Mais de 300 pessoas que viviam em áreas atingidas pelo lago da Usina de Manso, no município de Chapada dos Guimarães, protestaram ontem em Cuiabá contra o descumprimento de acordos firmados judicial e coletivamente com Furnas, gestora da hidrelétrica.
Depois de quase uma hora concentrados na porta da sede de Furnas, no bairro Araés, os integrantes do Movimento de Atingidos por Furnas (MAF), dissidentes do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), tiveram acesso ao setor de protocolo da empresa, onde formalizaram a entrega do documento com uma série de reivindicações.
Os manifestantes deram prazo de 15 dias para a empresa se manifestar e atender suas reivindicações, sob pena de invadirem a área da usina por tempo indeterminado.
Entre as queixas dos manifestantes estão a falta de reconhecimento de famílias de atingidos direta e indiretamente pelo lago, exclusão de famílias da verba de indenização que vinha sendo paga há dois anos, falta de transporte escolar, péssimas condições das estradas, alto custo da energia elétrica para as famílias e a demora na conclusão de processos de avaliação.
O prefeito de Chapada, Gilberto Melo, era um dos mais ativos manifestantes contra Furnas. Na frente da sede de Furnas, Melo esbravejou no aparelho de som e aos meios de comunicação que o município só recebeu encargos com a usina.
“A usina só gera R$ 60 mil de imposto ao mês e não dá manutenção nos 440 quilômetros de estradas abertas em conseqüência da construção da hidrelétrica e não assegura transporte escolar aos filhos dos atingidos pela barragem”, reclamou o prefeito. Até agora, segundo o manifestante Dulcelino de Pontes Silva, Furnas reconheceu com atingidos pela barragem 480 famílias. Pelas contas do MAF, desde a formação do lago, 1.065 famílias foram prejudicadas em suas terras.
Em nota, a assessoria de imprensa de Furnas, cuja sede fica no Rio de Janeiro, se limitou a incformar que a empresa recebeu o pleito e está analisando as reivindicações do MAF.
(Diário de Cuiabá, 27/03/2008)