Um sistema de gestão sustentável é um projeto de gestão que pode ser aplicado tanto na cidades, empresas, residências ou vidas pessoais. Essa filosofia não prioriza apenas uma área de atuação nem exige instrução específica de seus colaboradores.
Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, uma gestão sustentável integra diversas áreas do conhecimento, formando uma rede de colaboração mútua onde cada pessoa e instituição são atores imprescindíveis para o seu sucesso.
Inspirado no tripé da sustentabilidade, o conceito de gestão ambiental define uma prática empreendedora comprometida com a preservação da natureza, viabilidade econômica e inclusão social. Suas estratégias de atuação se voltam a todas as etapas de processos que, de alguma forma, influenciam a vida no planeta. Entre os assuntos relacionados à gestão sustentável estão, por exemplo, a geração de renda a partir do resíduo reaproveitado; a melhoria da qualidade de vida e saúde dos funcionários e o estímulo ao consumo de produtos locais, entre outros. A capacidade de planejar e executar estas demandas, de modo a manter um balanço equilibrado em relação aos vetores da sustentabilidade, é o que garante parte do sucesso da gestão ambiental, evitando ou reduzindo ao mínimo, os danos e perdas em todos os processos, desde a sua produção até a sua destinação final.
A noção de gestão sustentável vai tomando forma e espalhando-se por diversos âmbitos quando vivenciamos situações como os funcionários do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) abdicam de um copo de plástico ou de uma folha branca por opções mais sustentáveis, como uma caneca de cerâmica que pode ser lavada ou uma folha de rascunho que pode ser reimpressa. São ações simples que resultam em saldos positivos no setor financeiro e menores impactos ambientais. Ganha a empresa, ganha a natureza e ganhamos todos nós!
Na maneira de projetar a administração das cidades, há diversas formas de pensar a realização de uma gestão sustentável. As ações propositivas em relação a mudanças necessárias devem sempre levar em conta os impactos sociais, econômicos e ambientais. Elas podem advir de iniciativa dos gestores, dos cidadãos ou das próprias empresas que dependem das prefeituras para viabilizar projetos. É o que chamamos em Porto Alegre de “Governança Solidária Local”. E nesta corrente de relações que se complementam e se limitam, os setores público e privado têm a ganhar.
No lugar de cobranças de impostos, a imposição de algumas “regras verdes” como a compensação de impactos com o plantio de mudas de árvores, o que já fazemos em Porto Alegre, podem ser bons indicativos de sustentabilidade. Cabe ainda dizer que a gestão sustentável está ligada ao licenciamento ambiental, tanto em grandes como em pequenos e médios municípios; à construção sustentável, como desafio de mudar paradigmas; ao aquecimento global; ao gerenciamento de resíduos sólidos; à participação e controle social e à biodiversidade como indicador de qualidade de vida.
Todos esses assuntos serão tratados no Seminário Nacional de Gestão Sustentável, que acontece de 26 a 28 de março, na PUC. Um exercício de cidadania na busca de soluções e dias melhores para nossas cidades.
(Por Beto Moesch*, Envolverde/Pauta Social, 26/03/2008)
* Beto Moesch é secretário do Meio Ambiente de Porto Alegre