O Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC) manifestou nesta quarta-feira (26/03), em Bruxelas, sua preocupação com a aceleração do degelo na Antártica e pediu a obtenção de um acordo internacional para estabelecer tarifas para emissões de dióxido de carbono.
Em entrevista coletiva no Parlamento europeu, o indiano Rajendra Pachauri, presidente do IPCC - vencedor do Prêmio Nobel da Paz 2007 - enfatizou o risco da elevação dos oceanos em caso de aceleração do derretimento dos bancos de gelo da Antártica por causa da mudança climática.
"A aceleração do derretimento dos grandes icebergs na Antártica Ocidental pode ter como conseqüências mudanças brutais e irreversíveis, como um risco de elevação do nível dos mares", explicou. "Não estamos em condições de prever quando e como vai evoluir, mas é algo muito preocupante", acrescentou Pachauri, evitando mencionar o período de 25 anos evocado por alguns especialistas para que se concretize esta ameaça.
Um enorme bloco de gelo da Antártica, com área quatro vezes superior a da cidade de Paris, começou a derreter sob o efeito do aquecimento global, informou na véspera o Centro Nacional da Neve e Gelo da Universidade do Colorado. Segundo imagens de satélites, o derretimento já afeta uma longa faixa sobre a plataforma de Wilkins, e foi acentuado em 28 de fevereiro, com uma queda súbita que formou um iceberg de 25,5 km por 2,4 km.
O movimento provocou o deslocamento de um bloco de 569 km2 da plataforma de Wilkins, que já perdeu 414 km2. A plataforma, cuja superfície é de 12.950 km, está atualmente sustentada por uma faixa de apenas 5,6 km entre duas ilhas, revelou Ted Scambos, responsável científico do Centro Nacional da Neve e Gelo (NSIDC, sigla em inglês).
(Yahoo Brasil, Ambiente Brasil, 27/03/2008)