A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou terça-feira que o Brasil não cumpre suas metas de observação climática na Amazônia e que ainda existem “buracos negros” na cobertura de dados sobre a região. “Decisões políticas importantes terão de ser tomadas”, recomendou Donald Hinsman, diretor do Departamento de Observações Climáticas da Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência da ONU. “Investimentos massivos terão de ser feitos.”
Segundo a entidade, um sistema de observação climática é fundamental para garantir nos próximos anos que os governos tomem as decisões corretas para lidar com os problemas ambientais. Pelas contas do secretário da OMM, Michel Jarraud, em 20 anos os desastres naturais terão causado prejuízos de US$ 900 bilhões em todo o mundo e mais de 1,2 milhão de mortes.
“Os investimentos para evitar esses desastres custariam bem menos”, ponderou Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) e Prêmio Nobel da Paz de 2007. Para ele, os governos precisam ter a consciência de que investir em observação climática é “missão crítica”. Ele também aconselhou o Brasil, especificamente, a não ceder às “tentações econômicas” ao defender o meio ambiente e pediu que políticas mais fortes de proteção da floresta amazônica sejam adotadas.
Na avaliação das Nações Unidas, para cada US$ 1 investido em observação climática, os governos poderiam evitar custos de US$ 5 a US$ 15 em situações de emergência. No caso do Brasil, Hinsman avalia que há “buracos negros” em termos de informação sobre a Amazônia. “Se você me questionar se o Brasil cumpre suas metas, a resposta é não. A área do território brasileiro é muito grande. O País precisa investir para obter uma densidade maior nas observações climáticas. Existe a capacidade no Brasil para que isso ocorra. Mas vai exigir investimentos”, disse o diretor.
(Agência Estado,
Amazonia.org, 26/03/2008)