O epidemiologista Paulo Sabroza, da Comissão Nacional de Combate à Dengue, admitiu que fracassou a campanha do Ministério da Saúde deste ano, que destaca que o combate à dengue é dever do cidadão: "Achamos, ingenuamente, que ações individuais seriam suficientes e abandonamos as ações estratégicas de Estado", lamentou, após participar hoje de um encontro com pesquisadores especialistas na doença, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A comissão nacional de combate à doença reúne pesquisadores de diversas instituições para elaborar e formular as estratégias de combate à enfermidade que serão implementadas pelo ministério. "Há um número inusitado de mortes porque eu acredito que subestimamos o número de formas graves. A cartilha do ministério é muito detalhada, mas tem poucas informações sobre como diagnosticar e tratar os casos em crianças", reconheceu. "Os sinais de alarme e padrões laboratoriais são diferentes em crianças e isso é pouco estudado", afirmou.
Segundo Sabroza, a rede não está preparada para atender crianças e o alto índice de letalidade por causa de complicações da dengue expôs furos em diversos pontos do sistema. O material educativo da campanha do governo tem como lema a frase: "Combater a dengue é um dever meu, seu e de todos". O foco é nas ações individuais que podem ser feitas para reduzir o risco de transmissão da doença. "O problema é que não adianta deixar sua casa livre de focos se o vizinho não faz o mesmo", afirmou.
(G1, 25/03/2008)