Água que sai suja das torneiras foi motivo de envio à Câmara
O empresário Otávio Bremm guardava, no fim da tarde de segunda-feira, um pote cheio de um líquido alaranjado em cima do balcão de sua agrocomercial na Rua Senador Pinheiro Machado. Um garotinho viu o recipiente: “É mel?”, questionou. “Não, é água da torneira”, respondeu Bremm, ironizando a situação. “É com isso que a gente tem que tomar banho.”
A situação, segundo ele, se repete pelo menos duas vezes por semana e se estende às demais residências nas redondezas. O caso inclusive já foi encaminhado à Câmara de Vereadores. Em resposta, o vereador Ilário Keller enviou documento à direção da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) solicitando a verificação e solução do problema.
“(...) esperamos que as devidas providências sejam tomadas para que o usuário (...) tenha no mínimo uma água de qualidade saindo de suas torneiras, pois trata-se, além do direito do cidadão, também dever do administrador”, despachou Keller no fim do mês passado. Por enquanto, contudo, a situação persiste.
Conforme Otávio Bremm, a água tem cheiro e gosto de barro. “Tenho um estabelecimento de banho e tosa de animais e estou sendo prejudicado com isso. Não tem cabimento pagar por um produto assim”, reclama.
O gerente regional da Corsan, Paulo Stein, explica que o problema ocorre porque a rede hídrica da Senador Pinheiro Machado e arredores é antiga e formada por canos de ferro. “Às vezes, quando fechamos o sistema para conserto, a água volta turva ou com uma cor fora do normal. É uma coloração que não deveria apresentar, mas mesmo assim garantimos a potabilidade.”
Conforme Stein, a companhia realiza sistematicamente o processo de expurgo para limpar as paredes das tubulações. Contudo, entende que é necessário substituir a rede. “É o caso tanto dos canos de ferro quanto dos de amianto, que existem em alguns locais de Santa Cruz. Além da turbidez, os dois casos sofrem com rompimentos constantes por serem mais antigos.”
O gerente afirma que a Corsan está trabalhando no projeto de troca das tubulações. Ele também recomenda os moradores a descartarem a água suja. Caso o volume do líquido perdido seja grande, o cliente deve procurar a companhia para buscar o ressarcimento ou abatimento na conta.
(Por Jansle Appel Junior, Gazeta do Sul, 26/03/2008)