Lotes não apresentam condições de moradia e são vendidos clandestinamente
O loteador do Parque Residencial Bela Vista, no Centro, abandonou o local sem efetuar nenhuma das obras de infra-estrutura prometidas aos moradores. O problema é que, além de não apresentar condições mínimas de moradia, cerca de seis lotes caucionados pela Prefeitura foram vendidos clandestinamente a preços inferiores a R$ 15 mil. A fim de evitar que a população seja enganada, foi publicado edital em jornais da cidade, salientando que os cerca de 32 lotes são caucionados e que não podem ser objeto de transação.
O prefeito Amilton Amorim diz que a intenção da Prefeitura é fazer com que as pessoas não comprem os lotes. “Sabemos que cerca de seis lotes já foram comercializados e teremos que acionar essas pessoas judicialmente. Não podemos fazer nada, a pessoa vai pagar duas vezes pelo lote. O que está ocorrendo é um crime e queremos evitar que outros entrem nesta fria’’, explicou.
Amorim garante que a Prefeitura está montando toda a documentação que apresentará ao Ministério Público para liberação dos terrenos. Somente depois é que a Administração poderá oferecer a área às empresas para concluir as obras de infra-estrutura que estão faltando naquele local. O prefeito acredita que em até 60 dias poderá começar a buscar as empresas para o trabalho.
Moradores
Enquanto isso, os moradores do residencial sofrem com a falta de asfalto, calçadas, água encanada, rede de esgoto e iluminação. O comerciante Fabrício Ost Senger, 21 anos, mora há oito no local. “O principal problema é a poeira em dias de sol e o barro nos dias de chuva. Nesses oito anos não vi mudar nada. Quando chove então, somos obrigados a botar brita na frente do comércio para os carros não atolarem’’, conta.
A artista plástica Bárbara Nunes, 32, moradora há três anos do loteamento, reclama ainda da falta de água encanada. “Como é que vou saber se a água deste poço tem qualidade? Eu mesma já mandei que sejam feitos exames, mas não podemos tomá-la, compro água mineral’’, destaca. Ela salienta ainda que sofre com a poeira levantada pelos ônibus que passam por ali. “É uma nuvem de poeira desde cedo até as 23 horas. Imagina as doenças respiratórias que isso pode causar nas crianças. Estou lutando, inclusive, para que tirem a linha de ônibus daqui e coloquem em outro lugar.’’
(Por Daiane Poitevin, Diário de Canoas, 25/03/2008)