A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a reciclagem de garrafas PET para uso em embalagens de alimentos no Brasil. A medida tem grande impacto ambiental, pois permitirá que as empresas autorizadas reciclem boa parte do material que até então tinha como destino depósitos e aterros sanitários ou era descartado na natureza, onde levam cerca de 100 anos para se decompor. Em 2007, 184 mil toneladas de garrafas PET deixaram de ser recicladas no Brasil.
A resolução da Agência teve como base o surgimento de novas tecnologias capazes de limpar e descontaminar esse tipo de material, independentemente do sistema de coleta. Quatro empresas brasileiras já apresentaram pedidos à Anvisa para adotar essas novas tecnologias - duas no Rio de Janeiro, uma em São Paulo e uma na Bahia.
"O material a ser reciclado passa por várias etapas e testes experimentais, sendo que no final do processo dá origem à resina de PET limpa e própria para a confecção de embalagens que entram em contato com alimentos", explica Lucas Dantas, gerente de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Anvisa. A principal exigência para o uso do Polietilenotereftalato (PET) reciclado em contato com alimentos será o registro do produto na Anvisa. O rótulo da embalagem deverá conter o nome do produtor, o número de lote e a expressão "PET-PCR".
A liberação do uso de PET recicladas em embalagens de alimentos atende à exigência do Mercosul que editou o "Regulamento Técnico Mercosul sobre Embalagens de PET - PCR destinadas a entrar em contato com alimentos". Os países- membros do bloco econômico têm até o próximo dia 10 de maio para se adequar à norma. A posição brasileira foi definida por um grupo de trabalho Interinstitucional sobre regulamentação de embalagens de polietileno tereftalato pós-consumo reciclado (PET - PCR).
Participaram dos trabalhos representantes da Anvisa, de cinco ministérios, do Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial (Inmetro), do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) e do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS). A Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet) estima que, somente em 2006, foram produzidas 378 mil toneladas de embalagens à base de PET em todo o país.
(Em Questão, Adital, 25/03/2008)