Mais de 500 trabalhadores rurais, saídos de diversas cidades do país, participam hoje (26/03), às 10h, da manifestação contra os financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a produção e o desenvolvimento de monoculturas de soja, eucalipto e cana. O protesto será em frente à sede do próprio banco, no Rio de Janeiro.
Os movimentos criticam os financiamentos "bilionários", argumentam que só incentivam um modelo de agricultura que está destruindo a Mata Atlântica, Cerrado e a Amazônia de forma acelerada. Para os manifestantes, o Banco deveria financiar prioritariamente a agricultura familiar e a produção agro-ecológica. Nesse sentido, eles criticam pedido de financiamento de R$ 1 bilhão feito pela Aracruz para se instalar no estado do Rio de Janeiro.
As monoculturas não trazem novos empregos, pois são mecanizadas e "destroem o meio ambiente, contaminam com agrotóxicos as nascentes e os trabalhadores, fortalece a perversa estrutura latifundiária do país, além de gerar um modelo de produção agro-exportador que beneficia apenas as grandes multinacionais produtoras de papel e celulose", disseram, em comunicado, os movimentos sociais do campo.
Além disso, também hoje, integrantes de organizações sociais e manifestantes vão - em marcha, com bandeiras e faixas - à sede do Tribunal Regional Federal (TRF), no Centro do Rio de Janeiro, para entrarem com uma Ação de Inconstitucionalidade (Adin) contra lei estadual, aprovada em 2007, pelo governo do estado.
De acordo com os movimentos, essa lei é "imoral e favorece exclusivamente os interesses econômicos da (empresa de celulose) Aracruz, que passou a ter ‘autorização’ para fazer plantios de eucalipto em larga escala, de até 400 hectares contínuos, sem obrigatoriedade do licenciamento ambiental".
Essa permissão vai de encontro às determinações da legislação ambiental brasileira. Além disso, as áreas que a empresa pretende ocupar estão em terras destinadas à reforma agrária e à produção de alimentos.
A priorização do modelo agro-exportador não rompe "com a inserção subordinada do país na divisão internacional do trabalho, representa uma insustentável exploração dos recursos naturais, além de desestruturar a agricultura familiar e camponesa e de expropriar os povos tradicionais (povos indígenas, quilombolas, pescadores artesanais etc.) dos meios necessários a sua conservação", acrescentou o manifesto.
(Adital, 25/03/2008)