O relator do projeto que consolida a legislação ambiental, deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP), afirmou nesta terça-feira que deve ser apresentado um substitutivo ao Projeto de Lei 679/07, do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que atualiza a legislação até 2002. Andrada, que também participou de seminário promovido pelo Grupo de Consolidação das Leis, afirmou que o trabalho mais importante a ser realizado no momento é o de convencer o Congresso Nacional de que a consolidação das leis é um processo importante.
De acordo com Andrada, advogados, administradores, juízes e outras pessoas que têm de trabalhar com as leis sofrem hoje grande dificuldade porque têm de juntar inúmeras leis dispersas sobre o mesmo assunto. De acordo com o presidente da comissão, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, determinou prioridade para o tema e assumiu o compromisso de colocá-lo em votação assim que esteja concluída a tramitação no Grupo de Trabalho e na Comissão de Constituição e Justiça. Ele acredita que até setembro ou outubro o projeto que consolida a legislação ambiental estará pronto para a pauta.
Tripoli afirmou que a consolidação vai reduzir os conflitos judiciais na área. Ele explicou que o trabalho vai permitir identificar os pontos conflitantes entre as leis e solucionar essas controvérsias com a perspectiva atual, determinada pela Constituição de 1988.
O parlamentar informou que é possível que, junto com a consolidação, sejam enviados também projetos de lei para o preenchimento das lacunas verificadas. Ele esclareceu que a consolidação não pode alterar o conteúdo das leis ou acrescentar novos dispositivos. Ao todo, o grupo analisa 31 decretos, 9 decretos-lei, 52 leis e 2 medidas provisórias, numa legislação cuja primeira norma data de 1934.
O deputado afirmou que, nos próximos 15 dias, receberá sugestões de todas as organizações e entidades que tenham propostas a apresentar ao trabalho de consolidação das leis ambientais. As sugestões podem ser enviadas para o e-mail dep.ricardotripoli@camara.gov.br.
Consolidação não poderá modificar alcance de leis
O ex-deputado João Alfredo Telles Melo, consultor do Greenpeace,
enfatizou que é importante que o trabalho de consolidação não suprima
conquistas legais na área do meio ambiente. Ele afirmou que o Brasil
tem uma das legislações mais avançadas do mundo e que isso não pode ser
perdido. O ex-parlamentar participou nesta terça-feira do seminário do
grupo de trabalho que estuda a consolidação de leis.
Melo
afirmou que a consolidação não pode modificar o alcance de medidas nem
interromper sua força normativa. Ele defendeu que só pode ser excluído
como inconstitucional o que assim for declarado pelo Supremo Tribunal
Federal.
A consultora da Câmara Suely Araújo explicou que esse
foi um dos problemas enfrentados na execução da consolidação. Ela
informou que algumas leis ambientais são de 1934 e incompatíveis com a
atual Constituição. Porém, explicou, não houve manifestação do STF
nesse sentido. Nesses casos, o grupo de trabalho baseou-se em decisões
judiciais ou na doutrina. Na ausência, disse Suely Araújo, um grupo de
trabalho de especialistas fundamentou a sugestão.
A consultora
Ilídia Juras lembrou o problema das medidas provisórias. Elas explicou
que a Lei Complementar 45 veda a consolidação de MPs, dada sua
transitoriedade. A opção da consultoria foi defender a consolidação de
todas as MPs editadas após a Emenda Constitucional 32, já que elas não
têm mais o caráter transitório de quando podiam perder validade a
qualquer momento.
Outra questão polêmica, explicou a consultora,
é a de dispositivos vetados pelo presidente da República - e, portanto,
não estão em vigor -, mas que ainda não foram votados pelo Congresso,
que pode derrubar o veto. Entre outros problemas apontados estão também
a atualização de valores e as referências. Por exemplo, hoje, é vetado
o uso do salário mínimo como referência.
Íntegra da proposta:
- PL-679/2007 (Por Vânia Alves,
Agência Câmara, 25/03/2008)