Para presidente da EPE, expansão da cana-de-açúcar não está relacionada ao desmatamentoO presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) Maurício Tolmasquim disse nesta segunda-feira (24) que não acredita que os biocombustíveis tenham culpa no desmatamento da Amazônia. Tolmasquim falou sobre o tema na abertura do I Ciclo de debates sobre os Impactos Socioambientais dos Biocombustíveis, organizado pela Faculdade de Economia e Administração da USP (Universidade de São Paulo) que teve como debatedores os professores Guilherme Dias e Ricardo Abromovay, ambos professores titulares do Departamento de Economia da FEA.
O presidente da EPE defendeu a produção e consumo dos biocombustíveis, argumentando que a expansão de cana-de-açúcar não está relacionada à destruição da floresta e não expulsará o gado para Amazônia. Segundo Tolmasquim, o país não precisará desmatar para plantar cana, pois a lavoura deve crescer no espaço das terras de pastagem. "Hoje existe em média uma cabeça de gado por hectare no Brasil. Em São Paulo, essa média é de 1,4. Se fizermos com que a média nacional se iguale à paulista, teremos dez vezes mais terras do que o necessário para a expansão da lavoura de cana", explica.
Tolmasquim justificou a necessidade de se usar biocombustíveis a partir de dois fatores: a questão econômica, devido ao fato do petróleo ter ultrapassado o preço de 100 dólares o barril, e do ponto de vista ambiental, por emitir menos gases de efeito estufa.
Além disso, defendeu a produção do biodiesel como vetor de inclusão social. "O biodiesel é um combustível social, pois pode ser produzido por diferentes fontes. A mamona, por exemplo, é propícia para pequenas propriedades e agricultura familiar", argumenta.
Debate
Após a exposição, foi iniciada uma rodada de debates, nos quais discutiu-se a questão do aumento dos preços de alimentos, a proposta de certificação de produtos agropecuários e o impacto ambiental que a cultura de cana gera para o bioma cerrado.
A palestra foi a primeira de uma série de debates que será promovida pelo Núcleo de Estudos Socioambientais (Nesa) e Núcleo de Economia Regional e Urbana (Nereus), ambos da USP (Universidade de São Paulo). O próximo debate está agendado para o dia 28 de abril, das 11h30 às 13h30, no prédio 1 da Faculdade de Economia e Administração da USP e contará com a presença do economista e professor Ignacy Sachs.
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Amazonia.org.br, 25/03/2008)