Um bloco gigantesco de gelo, com o tamanho da cidade do Rio de Janeiro, se desintegrou no mar do Oeste da Antártida, informaram hoje os cientistas. Segundo eles, o colapso do bloco evidencia que o gelo glacial antártico está sob perigo. Imagens de satélite mostram a desintegração do bloco, com 415 quilômetros quadrados. O colapso começou no dia 28 de fevereiro, no limite da plataforma de Wilkins. Segundo os cientistas, o bloco de gelo havia se formado no local há 1,5 mil anos.
Para o cientista David Vaughan, do Centro Britânico de Pesquisas da Antártida, o colapso do bloco de gelo é resultado do aquecimento global. Além das imagens de satélites, os cientistas usaram um avião, com um cinegrafista, para registrar o colapso, que durou quase um mês. "É um evento que não podemos observar muito freqüentemente", disse Ted Scambos, cientista-chefe do Centro Nacional de Dados sobre o Gelo e a Neve, em Boulder, Colorado.
Enquanto os icebergs se formam naturalmente, pela separação de um bloco de gelo da terra firme, um colapso como esse não é comum, embora esse tipo de evento tenha ocorrido com maior freqüência na última década, comentou Vaughan. O colapso é semelhante, para o bloco de gelo, ao processo de um copo de vidro ser esmagado por um martelo. Quando o bloco de gelo entra em colapso, ele não vira um iceberg, mas se estilhaça em milhares de pedaços.
O restante da plataforma de Wilkins, quase do tamanho do Estado de Alagoas, se mantém ligado à Plataforma Antártica apenas por uma faixa. Os cientistas também temem que entre em colapso e se desintegre no mar. Vaughan prevê que o resto da plataforma entrará em colapso nos próximos quinze anos. Os cientistas não se dizem preocupados com um aumento no nível da água dos oceanos, mas afirmam que o colapso de parte da plataforma de Wilkins é um sinal da piora do aquecimento global.
(Agência Estado, Ultimo Segundo, 25/03/2008)