Com suspeita de envenenamento por agrotóxicos utilizados na plantação de eucaliptos, morreu domingo por volta das 23 horas na sede da Fazenda Madeira Certificada, região do Assentamento Vale Verde, em Jaraguari, a 51 quilômetros da Capital, o jovem de 19 anos John Leno Moraes. Ele trabalhava há quatro meses na propriedade rural. Moraes lidava diretamente com o produto nocivo à saúde.
Conforme a administração da fazenda, que produz eucalipto em uma área de 1 mil hectare, o rapaz trabalhava há 1 mês diretamente com agrotóxicos. Outros oitos funcionários também fazem o serviço.
Antes de falecer o rapaz vomitou muito, foi ao posto de Saúde de Jaraguari reclamando de dor de garganta. Medicado no domingo, voltou para casa. Vomitou e caiu ao chão morrendo, segundo informações da Polícia Civil de Jaraguari,
Ele morava com o pai na fazenda onde eles trabalhavam.
A administração da propriedade rural descarta a contaminação e afirma que todos os funcionários usavam equipamentos de segurança adequados para a lida com os produtos tóxicos.
A necrópsia está sendo feita no IML. Materiais genéticos foram coletados e em dez dias a causa da morte poderá ser esclarecida. A investigação está a cargo da Polícia Civil de Jaraguari.
CasoNo dia 6 de março, o TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo determinou a suspensão do corte, do replantio e o plantio de novos eucaliptos no município de São Luiz do Paraitinga (182 km ao leste de SP) até a realização de um estudo de impacto ambiental e a elaboração de um relatório dos danos ao ambiente da região. No despacho há previsão de multa caso a decisão seja descumprida no valor de R$ 10 mil por dia.
Em novembro de 2007, a Defensoria Pública do Estado propôs ação civil pública contra expansão da monocultura de eucaliptos no município paulista. De acordo com matéria publicada na Folha Online as empresas responsáveis pelo cultivo do eucalipto seriam a Votorantim Celulose e Papel e Suzano Papel e Celulose no município. O plantio de eucalipto causa danos graves ao ambiente e o êxodo rural na área, conforme a ação.
Rios e nascentes da região teriam secado, e animais e pessoas carentes foram contaminados por agrotóxicos e trabalhadores rurais ficaram desempregados, de acordo com informações da Defensoria Pública de São Paulo.
Quem assina a decisão é o desembargador Samuel Júnior, da 1ª Câmara de Direito Ambiental, em um recurso contra uma decisão, em primeira instância, de um juiz de São Luiz do Paraitinga. A reportagem da Folha Online entrou em contato com a Votorantim Celulose e Papel e com a Suzano Papel e Celulose, que informaram, por meio de assessorias de imprensa, que vão se manifestar assim que forem informados oficialmente sobre a decisão da Justiça.
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FGV, 25/03/2008)