No dia 2 de abril, os equatorianos vão às ruas protestar contra a exploração mineira e defender a água, a terra e a soberania do país. Para os organizadores dos protestos, "se o Equador se transformar num país mineiro, milhares de famílias camponesas serão desalojadas de suas propriedades pelos concessionários mineiros, e perderão a água e a terra".
O aumento da exploração mineira abriria enormes crateras e túneis nas terras do país, o que contaminaria a água subterrânea com cianureto, ácido sulfúrico, arsênico e metais pesados. Assim, os manifestantes exigem que a Assembléia Nacional Constituinte com Plenos Poderes reconheça que as concessões às transnacionais mineiras não têm valor.
Em entrevista ao sítio digital Hoy, o presidente da Câmara de Mineração do Equador, César Espinosa, disse que a exploração deve ser ambientalmente sustentável, socialmente responsável e economicamente rentável. Mas, o mesmo admite que o governo não tem ordem, nem controle (das atividades de exploração) e que as companhias descumprem as leis.
De acordo com os movimentos, ditas concessões violaram os artigos 86 e 88 da Carta Magna, que determinam que o povo deve ser consultado previamente a cerca de qualquer decisão estatal que possa afetar o ambiente. Com esse reconhecimento, deve-se, imediatamente, proibir a atividade extrativa devido aos graves danos sociais e ambientais que provoca.
No combate ao avanço das mineradoras, a Coordenação Nacional rechaçou o Acordo Ministerial, nº 62 que permite às empresas transnacionais mineiras regularizar seus títulos ilegítima e inconstitucionalmente obtidos.
A Nova Constituição deve ser elaborada no sentido de promover um Equador livre de mineração em grande escala. Nesse sentido, a Coordenação Nacional pela Defesa da Vida e da Soberania rechaçam os projetos Corrientes-ECSA; Aurelian Resources; Imgold; e IMC.
Há 10 anos que as comunidades e os povos equatorianos são agredidos pelas ações violentas das empresas transnacionais para a implementação da mineração em grande escala no país. Não só afetam seus territórios, como, além disso, atuam no sentido de criminalizar suas lutas. O governo apresentou uma proposta de diálogo nacional para solucionar esses problemas.
No entanto, diferente do que esperavam os movimentos, no "lugar de ser o início da recuperação da Pátria, (o diálogo) aparece como uma estratégia para negociar em melhorar termos para a invasão da mineração", disseram.
O Equador não integra a lista dos países que mais investem em exploração - que são Peru ($242 milhões), México ($232 milhões), Chile ($163 milhões), Brasil ($162 milhões) e Argentina ($159 milhões) - no entanto os investimentos aumentaram de $2,8 milhões em 2006, para $7 100 milhões este ano. Os produtos mais procurados são cobre e molibdeno, ferro, ouro, prata, bauxita e minerais industriais. No momento, o Equador os explora em quatro localidades Zamora, Azuay, Quisancocha e Río Blanco.
(Adital, 24/03/2008)