Pássaro que está desaparecendo da região dos morros será estudado
A união entre uma estudante de biologia e o presidente do Centro de Estudo Ambientais (CEA) de Sapucaia do Sul e da Associação Rural do município pode resultar na salvação de uma espécie de pássaro que está desaparecendo da região dos morros do Vale do Sinos. Edna de Paula Velinho interessou-se pela situação após ler no Jornal VS uma reportagem publicada no último dia 29 de fevereiro que tratava da presença cada vez mais escassa do tico-tico na zona rural de Sapucaia, e entrou em contato com o ambientalista Odi Silva para organizar uma pesquisa acadêmica a respeito do assunto.
A idéia, segundo Edna, é efetuar observações em diferentes locais e datas para que se possa identificar a causa do desaparecimento da espécie. A estudante deverá coletar dados sobre o tico-tico e sobre outras espécies de animais relacionadas à presença da ave na região, como gaviões. Além disso, serão observadas as condições da mata na localidade. “Trata-se de um aporte para outros trabalhos que vierem adiante’’, afirma a estudante de biologia.
Para Odi Silva, a atenção conferida ao assunto que já preocupa moradores da zona rural pode ser o início de uma mobilização maior. “O debate acadêmico que pode se estabelecer em torno do tema vai ser muito importante’’, defende o ambientalista. Segundo Silva, o objetivo é utilizar as informações que forem obtidas no planejamento de ações na região.
Hipóteses
Para o ambientalista, o desaparecimento do tico-tico pode estar relacionado ao desmatamento e ao desequilíbrio causado pela presença excessiva de outras espécies na região. “Lembro que, na minha infância, víamos vários tico-ticos na zona rural’’, afirma Odi Silva. “Hoje, já não se vê mais’’, lamenta. Silva afirma acreditar que o desinteresse pelo plantio da acácia, introduzida na região nos anos 60, resultou em grandes áreas desmatadas, vulnerabilizando o tico-tico, que costuma montar seus ninhos no chão.
“Vamos partir de suposições como essas para produzir o estudo’’, afirma Edna. “É importante que levemos em conta um foco maior’’, explica a estudante, defendendo que as características da cadeia alimentar estabelecida no local pode conter a resposta para o desaparecimento da espécie.
A partir das constatações, a estudante afirma que é necessário que se introduza políticas de educação ambiental específicas. “Temos que trazer a consciência à população de que certas coisas não podem ser feitas.’’ A conclusão do estudo está prevista para o final do mês de maio.
(Jornal VS, 21/03/2008)