Cenas de morte, com requintes de crueldade, foram flagradas em uma fazenda localizada na CE-176, cuja manutenção é de responsabilidade do Departamento de Edificações e Rodovias (DER), órgão ligado ao governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Infra-Estrutura (Seinfra). No local, centenas de jumentos estão, literalmente, morrendo de fome, sede, doença e desnutrição. Um verdadeiro campo de concentração de animais onde não há nada, além de outras centenas de cadáveres a céu aberto, ossos espalhados por toda parte, milhares de urubus, podridão generalizada e muita tristeza.
Mais uma vez, a zona norte do Ceará, precisamente o município de Santa Quitéria, volta ao noticiário devido aos maus-tratos ao animal considerado símbolo da cultura nordestina: o jumento. Os animais estão à mingua. Berram como podem, fraquíssimos, parecendo pedir clemência pelo ostracismo a que estão submetidos. Alguns caminham devagar pingando sangue dos órgãos sexuais, outros ficam estáticos ou se deitam, sob sol a pino, esperando a morte chegar.
De acordo com o superintendente do DER, Quintino Vieira, em 2007, nada menos que 11 mil animais foram recolhidos nas estradas do Ceará e levados para as duas fazendas de propriedade do Estado: uma que fica no Sertão Central, em Quixeramobim, e a outra na zona norte, em Santa Quitéria.
"Encontramos muitos problemas no recolhimento de animais nas rodovias do Ceará. Ainda estamos fazendo apreensão irregular, colocando animais dentro dos D.O. (Distritos Operacionais), que quando estão superlotados, vão para as fazendas. Não é só jumento, tem bovino, caprino, tudo que é apreendido nas rodovias", disse Quintino.
De acordo com o superintendente, o problema é agravado pela falta de responsabilidade dos proprietários que desprezam os animais nas estradas. A prática irresponsável de criação dos bichos pode causar, inclusive, acidentes de trânsito. Neste período do ano com chuvas, é comum eles irem se esquentar no asfalto.
"Recentemente, foi sub-rogada a apreensão de animais, chamada de correição, para o Detran. Já está correndo licitação na praça onde será contratada, em 60 dias, empresa com veterinário, ajudante e alimentação para tratar desses animais de maneira correta". E continuou. "O problema não é só do governo. A lei de faixa de domínio das estradas está sendo revista para serem penalizadas pessoas que deixarem animais nas estradas".
Manifeste sua indignação através de e-mails para:Ivo Gomes - Chefe de Gabinete do Governo do Ceará -
email: ivogomes@gabgov.ce.gov.br
Escreva para o site do governo do Ceará preenchendo o formulário em:
http://www25.ceara.gov.br/correspondencias/fale_governador_cad.asp?ntipomensagem=1
Preencha o formulário no site do DER do Ceará:
http://www3.ceara.gov.br/faleconosco/fale_conosco_cad.asp?nORGAO=064
Ou através de cartas:
Governo do Estado do Ceará
Att. Exmo. Sr. Cid Gomes
Palácio Iracema - Centro Administrativo Bárbara de Alencar
Av. Dr. José Martins Rodrigues, n° 150
Edson Queiroz
Fortaleza - CE
CEP 60811 - 520
Segue carta enviada pelo Instituto Nina Rosa para o governo do Ceará e DER, que pode servir de modelo para sua manifestação: São Paulo, 17 de março de 2008
Ao Governo do Estado do Ceará e DER - CE
Prezados Senhores,
Acreditamos que as pessoas devem aprender a respeitar e amar os animais como
seus semelhantes, por isso escrevemos para manifestar nossa indignação com
as condições degradantes a que são submetidos os jumentos e outros animais
apreendidos pelo Governo nas estradas do Ceará.
As "fazendas" para onde os animais são levados são depósitos mortuários onde
os jumentos lutam por sua sobrevivência em locais sem alimento, água ou
higiene.
Pedimos veementemente ao Governo do Ceará que crie condições de vida digna
para esses animais, dando, assim, melhor exemplo à sua população.
Enviamos pelo correio o documentário Vida de Cavalo como referência.
Sem mais,
Instituto Nina Rosa - projetos por amor à vida
Educação Humanitária - um caminho para a paz
Fonte: Movimento pela Defesa da Vida Animal.
Texto do Jornal do Meio Ambiente.
Permitida a reprodução, citando-se a fonte.
(Jornal do Meio Ambiente
/ Ecoagência, 24/03/2008)