No sábado, 22 de março, o planeta celebrou o Dia Mundial da Água. A data, que marca a discussão em torno desse bem tão precioso para humanidade, abordará neste ano o tema “Saneamento: o abastecimento de água potável encanada e a coleta e tratamento de pragas”. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram, no entanto, que há mais motivos para preocupação do que exatamente para festa quando o assunto é o futuro da água no planeta.
Atualmente, 1,1 bilhão de pessoas no mundo não têm acesso à água potável e 2,6 bilhões estão sem saneamento – números que, aliás, devem dobrar até 2025, segundo a OMS, se nada for feito para mudar esse cenário. No Brasil, dados do IBGE de 2005 indicam que 143,1 milhões de pessoas (78% da população) vivem em domicílios conectados à rede de água. Pouco mais da metade (67% dos domicílios brasileiros) conta com coleta de esgoto. As regiões hidrográficas com maior cobertura – Paraná e Atlântico Sudeste – não alcançam o índice de 70%; no outro extremo, na região do Parnaíba só 4% têm coleta de esgoto. Vale lembrar que nem todo esgoto coletado passa pelo processo de tratamento.
Uma das metas da Organização das Nações Unidas (ONU) é reduzir pela metade o número de pessoas sem acesso à água potável até 2015. Os investimentos necessários, calcula a entidade, são de cerca de US$ 10 bilhões por ano até 2015 - o que corresponde a algo em torno de cinco a oito dias de despesas militares no mundo, mas que seriam suficientes para evitar a morte de 203 mil crianças nos próximos dez anos.
Segundo a OMS, os problemas relacionados à falta de acesso à água potável respondem hoje pela morte de mais de 1,6 milhão de pessoas todos os anos, sendo que 90% desses óbitos ocorrem entre crianças menores de cinco anos moradoras, principalmente, dos países mais pobres.
Fornecer água que não represente riscos à saúde é, sem dúvida, um dos grandes desafios para o saneamento. A boa notícia, entretanto, é que a solução do problema pode residir num produto barato, altamente eficaz e disponível no mercado: o cloro. De acordo com especialistas, a utilização do cloro no tratamento e desinfecção da água é o método mais eficiente e economicamente vantajoso para garantir a qualidade desse insumo e, conseqüentemente, a redução das doenças de veiculação hídrica devido ao consumo da água contaminada.
A purificação da água através de sua filtragem e o uso do cloro foram, inclusive, considerados pelas revistas Life e Veja (edição especial Milênio) como um dos avanços mais importantes do milênio na área de saúde pública. Ao coibir a proliferação de doenças como cólera, disenteria, febre tifóide, esquistossomose, entre outras, o cloro age como importante aliado para aumentar a expectativa da população humana.
A Abiclor – Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados – está entre as organizações que apóiam a proposta da ONU e trabalham em prol da melhoria da qualidade da água que é consumida pela população. A entidade tem colocado em prática ações e projetos que, além de divulgar os benefícios do cloro, contribuem de forma efetiva para o desenvolvimento humano e uma maior qualidade de vida da população.
Esse é o caso, por exemplo, do lançamento de um gibi da Turma da Mônica sobre a importância da água potável, e do programa “Saúde Começa em Casa”, desenvolvido em parceria com a ala pediátrica da Santa Casa de Misericórdia e que tem como finalidade reduzir a incidência de doenças infecciosas veiculadas por água e alimentos nas crianças portadoras de enfermidades crônicas. A iniciativa contempla a doação de solução clorada e um trabalho de conscientização sobre questões de higiene e saneamento domiciliar junto às famílias das crianças com doenças crônicas atendidas pela instituição, um universo superior a 5 mil crianças.
Tratando o esgoto
Além de fazer parte do processo de desinfecção e filtragem da água que chega às torneiras do consumidor final, o cloro é também um dos principais agentes químicos utilizados nas Estações de Tratamento de Esgoto (ETE). Antes de ser devolvida à natureza, a água passa por um tratamento de filtração para eliminação do material orgânico e desinfecção com o cloro que possibilita a remoção dos agentes causadores de doenças. A transformação do esgoto em água limpa ocorre após várias fases no processo de tratamento. Inicialmente, há a separação de grandes sólidos da água. Em seguida, o esgoto fica “descansando” em tanques ou lagoas quando, então, parte da sujeira se deposita no fundo por ação da gravidade. Após essa etapa, o esgoto vai para tanques cheios de bactérias, que se alimentam de materiais orgânicos presentes no líquido. A água passa, a partir daí, por uma nova sedimentação para a retirada das bactérias e, depois, para a cloração. Todo esse processo garante a remoção de mais de 90% das impurezas presentes na
água e um nível razoável de higienização. Para que essa água se torne própria para consumo humano é preciso, ainda, um tratamento complementar com outros agentes químicos e cloro adicional.
(Carbono Brasil, 20/03/2008)