O Gigante Adormecido é o cartão postal da Cuesta de Botucatu, no interior paulista. Cuesta é um degrau natural que, neste caso, separe o leste e o oeste do estado.O relevo é como se fosse uma serra, tal como a Serra do Mar, só que ela tem um lado de subida depois fica plana, a queda é suave. Isso proporciona, pela hidrografia, muitas cachoeiras, mirantes, vários aspectos do turismo de aventura e do ecoturismo. Esse é o cenário do que está associado ao Aquífero Guarani - um grande reservatório de água doce.
O Aquífero é equivalente a uma Amazônia subterrânea. A quantidade de água potável é absurda e abastece várias cidades do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Um dos pontos da área de recarga é aqui no entorno da Cuesta. Na chamada área de recarga a água da chuva se infiltra no subsolo e mantém a reserva. Não existe um lago embaixo da terra. A melhor imagem pra representar o Aquífero Guarani é a de várias esponjas sobrepostas, encharcadas.
A água fica no meio das rochas. Ele ocupa uma área de 1 milhões e duzentos mil quilômetros quadrados. Equivale a quase cinco vezes o tamanho do estado de São Paulo. O Brasil tem dois terços do total. É preciso garantir a conservação da área de recarga pra manter a qualidade da água.
O ponto mais vulnerável para a contaminação é a recarga e se há contaminação do Aquífero, há riscos de diversos tipos de problemas de saúde pública. Em São Paulo cerca de duzentas cidades usam água do Aquífero. Ribeirão Preto, por exemplo, é toda abastecida por ele.
Por estar embaixo da terra, embaixo dos nossos pés, essa imensa reserva de água doce não chama a atenção como uma bela cachoeira, um rio ou um lago que estão ao alcance dos nossos olhos. Mas para a ONG Instituto Giramundo, que desde 98 trabalha na região de Botucatu com agricultura familiar, é importante lembrar que o Aquífero existe e precisa ser conservado. Por isso, o instituto desenvolveu o projeto Gigante Guarani.
Uma das metas é manter o solo coberto pela vegetação natural. No Parque Municipal Cachoeira da Marta, um pedaço de Mata Atlântica sobrevive, apesar das plantações de cana de açúcar, eucalipto e frutas cítricas, e as pastagens pro gado que dominam a região. Parte das cerca de 15 mil mudas de árvores plantadas pelo Projeto Gigante Guarani veio pro entorno do parque. O Feijão Guandu cria sombra e dá ao solo nutrientes prá que outras plantas vinguem. Espécies como a Bracatinga, do Cerrado, e a Aroeira, da Mata Atlântica.
(TV Cultura - Repórter Eco. Adaptado por
Celulose Online, 22/03/2008)