A associação ambientalista Quercus acusa empresários espanhóis de promoverem o abate ilegal de centenas de azinheiras no Alentejo e exige a abertura de um processo de averiguações e a plantação de novas árvores desta espécie protegida. Em comunicado, a associação afirma que está a aumentar a ameaça sobre os montados de sobro e de azinho, duas espécies protegidas em Portugal, uma vez que empresários espanhóis pretendem plantar olival intensivo nas inúmeras herdades alentejanas que têm vindo a comprar nos últimos anos.
“O precedente surgiu no caso do Monte Espada, entre Santiago do Cacém e Aljustrel, quando um empresário espanhol abateu mais de 600 azinheiras e 50 sobreiros, num único fim-de-semana”, denuncia a Quercus, adiantando que uma parte da operação foi autorizada pelos serviços da Circunscrição Florestal do Sul, mas outra parte resultou de um abate ilegal.
De acordo com os ambientalistas, o mesmo terá acontecido na Herdade da Ínsua, localizada junto ao rio Guadiana, no concelho de Serpa, uma propriedade adquirida no ano passado por uma empresa espanhola com o objectivo de plantar olival intensivo numa área onde existiam cerca de 700 hectares de montado de azinho.
Queixas sem resposta
“Foi efectuado um abate ilegal de azinheiras. Posteriormente foi requerido o abate de 613 árvores adultas, muitas delas centenárias, tendo sido emitida autorização (...) através da Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF), alegadamente por se encontrarem secas ou doentes”, adianta a associação, que “estranha” o ocorrido, uma vez que “o arvoredo se encontrava maioritariamente verde”.
No âmbito deste caso, a Quercus apresentou duas queixas desde 15 de Fevereiro junto da Circunscrição Florestal do Sul da DGRF, mas afirma não ter obtido qualquer resposta até ao momento.
A associação diz ter tido, entretanto, conhecimento de que as autoridades suspenderam a autorização de abate, por constatarem a existência de muitas árvores aparentemente saudáveis. No entanto, adianta, a empresa espanhola continuou a cortar as azinheiras, “destruindo a prova essencial para a sua responsabilização”. Perante estas situações, a Quercus “exige uma peritagem e o embargo efectivo da acção, devendo ser reposta a legalidade com a plantação de novas azinheiras e interditando a plantação de olival intensivo pelo período de 25 anos”.
(Lusa, Ecosfera, 23/03/2008)