O Rio Grande do Sul tem 23 casos confirmados de doença dos 190 notificados em 2008. Todos são importados, ou seja, contraídos fora do Estado. 'A preocupação é que a pessoa picada pelo mosquito volte para casa e seja picada por outro mosquito existente no RS, fazendo com o que o vírus circule', explica a bióloga do Programa Estadual de Combate à Dengue da Secretaria da Saúde do Estado, Silvania Ramos. Em 2007, houve 1.367 casos notificados, 101 importados confirmados e 207 autóctones (por contaminação local). O surto de dengue no RS no ano passado ocorreu em abril.

O mesmo temor tem a coordenadora do Programa de Combate à Dengue da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Maria Mercedes Bendatti. Dos casos confirmados este ano, seis foram na Capital, sendo que outros 40 suspeitos estão em investigação. 'O primeiro semestre é a época de maior incidência de casos, pois as altas temperaturas e as chuvas são propícias à reprodução do mosquito', explica ela.

Agentes de saúde treinados para o combate à doença realizam ações de bloqueio, sendo que foram intensificadas no bairro Floresta, onde há um caso confirmado e outro suspeito. O inseticida também foi aplicado nos bairros Nonoai, Jardim Carvalho e Guarujá. As próximas ações ocorrerão no bairro Petrópolis, dependendo do tempo, pois para realizar a desintetização não pode ter chuva nem ventos. Agentes identificados orientam moradores dos bairros com casos confirmados a procurarem atendimento médico no primeiro sinal de manifestação dos sintomas: febre abrupta; dores de cabeça, na região atrás dos olhos e nas articulações; e manchas vermelhas na pele. A pessoa pode sentir dores abdominais, náusea e ter vômitos.
 
Conceito
A dengue é uma doença viral transmitida por um mosquito, o Aedes aegypti. Existem quatro tipos da doença. A diferença está no grau em que reage no ser humano. No Brasil, a incidência ainda se limita aos tipos 1 e 2, sendo 1 a dengue clássica e a 2, a dengue hemorrágica. Geralmente, quando contaminada, pela primeira vez, a pessoa contrai a dengue clássica. Em uma segunda contaminação, existe um risco maior de contrair a hemorrágica, que é muito mais grave e pode levar à morte.

Como é transmitida?
O mosquito Aedes aegypti pica uma pessoa com dengue. O vírus se desenvolve dentro do mosquito que, após 8 a 12 dias, passa a ser transmissor da doença. Esse mosquito infectado, picando uma pessoa sadia, passa o vírus da dengue e essa pessoa fica doente. Não há transmissão pelo contato direto de uma pessoa doente para uma pessoa sadia, pela água, por alimentos ou por quaisquer objetos. A dengue também não é transmitida de um mosquito para outro. O mosquito, que é fêmea, é ativo durante o dia, podendo picar várias pessoas diferentes, o que explica a rápida explosão das epidemias de dengue.

Dicas para combatê-la
*Coloque areia ou vire de cabeça para baixo os pratinhos dos vasos de plantas para evitar o acúmulo de água.
* Não deixe acumular água em xaxins.
* Na hora de lavar qualquer recipiente de armazenamento de água, passe um pano grosso ou bucha nas *ordas para remover os ovos do mosquito que podem estar alojados nas paredes ou no fundo do recipiente.
* Esvazie as garrafas sem uso e guarde os cascos de cabeça para baixo.
* Pneus velhos são um dos lugares preferidos do mosquito da dengue. Por isso, eles devem ser furados e guardados em lugar coberto.
* Mantenha as caixas de água, poços, latões, cisternas e filtros bem fechados.
* Troque diariamente a água de bebedouros de animais, que devem ser guardados em locais frescos. E não se esqueça de lavar bem o recipiente com uma escova ou bucha.
* Mantenha limpas as calhas, lajes e piscinas.
* Retire a água acumulada em bambus, bananeiras e bromélias.
* Evite plantas que acumulem água, como gravatás, babosa, espada-de-São-Jorge, entre outras.
* Elimine todo e qualquer material descartável que venha a acumular água. Copos de plástico, latas, tampinhas de garrafa e sapatos velhos devem ser esvaziados e jogados no lixo.
 
(CP, 22/03/2008)