Somente a mudança dos hábitos dos gaúchos poderá manter o Rio Grande do Sul livre da circulação do vírus da dengue. É unânime entre as autoridades sanitárias que a parceria e a conscientização da comunidade são fundamentais para combater a doença. Sem apoio, o poder público não consegue controlar a procriação de criadouros do mosquito e o contágio viral da doença. O médico veterinário da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Luiz Felipe Kunz Júnior, explica que o Aedes aegypti é um mosquito domiciliar, que se reproduz rapidamente dentro das casas e costuma picar de dia.
O uso de repelente é recomendado tanto para pessoas que viajam para outros estados onde há a circulação do vírus, como o Rio de Janeiro. O uso do produto também é necessário em bairros considerados de risco, onde o índice de infestação do mosquito da dengue seja superior a 1%, preconizado pelo Ministério da Saúde, e existam casos confirmados da doença em moradores da região.
'Ainda temos o triunfo de não ter o vírus circulando em Porto Alegre. Porém, no momento que o mosquito picar uma pessoa com dengue, a doença poderá se espalhar pela cidade', alerta a coordenadora do Programa de Combate à Dengue da Secretaria Municipal da Saúde, Maria Mercedes Bendatti. Por isso, a única forma de controlar a doença é reduzir a população de mosquitos adultos da Capital com aplicação de inseticida e a eliminação de criadouros, ações que podem ser realizadas pelos próprios moradores da cidade.
Os próximos 15 dias, após o retorno do feriadão da Páscoa, serão de alerta para as autoridades sanitárias, quando o número de casos suspeitos de dengue poderão aumentar. Este é, em média, conforme explica ela, o período que a doença leva para se manifestar no organismo da pessoa picada pelo Aedes aegypti contaminado pelo vírus da dengue.
O ciclo de vida do Aedes aegypti é de 45 a 60 dias, sendo difícil precisar, segundo a coordenadora, o número de pessoas que podem ser picadas por um mosquito infectado com o vírus da dengue. Maria Mercedes afirma que é melhor não arriscar e 'eliminar os focos, porque o inimigo pode estar dentro de casa'.
(Por Mirella Poyastro, CP, 22/03/2008)